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Novas grandes condutas se estabeleceram para as águas trazidas pelo aqueduto do Tejo, a partir do seu termo em Lisboa (Olivais), e outras se fizeram para o abastecimento da Costa do Sol (concelhos de Cascais e Oeiras), e há pouco se acabou a de Sintra, a qual, partindo da Amadora, serve toda a região saloia, hoje em grande desenvolvimento, até àquela vila. A região de Loures, na parte que confina com a área da cidade, está já abastecida e dentro em pouco também o estará a sede do concelho. Vila Franca de Xira terá água já este ano, tirada do aqueduto do Alviela, que lhe passa perto, e Alcanena aspira a tê-la, captada na própria ressurgência do Alviela. Azambuja frui há anos a água do aqueduto do Tejo, que termina ali perto, depois de receber a jusante da vila todas as águas dos poços Keller, pelas três condutas distintas correspondentes aos escalões Valadas, Espadanal e Carregado. Para atirar para a rede o enorme volume de água vinda pelo aqueduto do Tejo construiu-se a grande estação elevatória dos Olivais, com proporção para distribuir toda a água chegada por aquele aqueduto (300.000 metros cúbicos em regime forçado) quando for preciso. Quando isto acontecer Lisboa, com a região dos subúrbios, disporá, pelo menos no Verão, de 370.000 metros cúbicos, contando para isso com a água do Alviela e das Águas Livres, que dão, juntas, 70.000 metros cúbicos. Com as obras da 3.ª fase, que implicará o prolongamento do aqueduto do Tejo, a construção de novos reservatórios e de novas condutas principais e outros trabalhos de remodelação da rede distribuidora, ter-se-á gasto a soma de cerca de meio milhão de contos. Até ao presente despendeu-se já a soma de 221.773.922$03. Este dinheiro foi tirado dos rendimentos da Companhia das Águas – ou seja, principalmente, da receita derivada do aumento de preço da água fornecida aos consumidores particulares –, do capital da Companhia, que foi elevado para 50.000 contos (era de 5.000 contos antes do contrato de 1932), dos quais 25.000 contos foram atribuídos ao Fundo de obras; do produto de dois empréstimos, já subscritos, no valor de 90.000 contos, e ainda de um terceiro empréstimo, no valor de 150.000 contos, feito pela Caixa Gral de Depósitos, Crédito e Previdência, para ocorrer aos encargos da conclusão das obras da 2.ª fase e a grande parte da 3.ª. Estes três empréstimos tiveram a garantia do Governo. Falámos de obras e de dinheiros. Diremos agora dos resultados que o novo contrato produziu quanto à distribuição de água pelos serviços do Estado e municipais. O Estado e a Câmara Municipal podem dispor para os seus gastos de um volume diário de água igual a vez e meia o consumo particular. Atingindo já este consumo no ano de 1947 o volume de 16.000.000 de metros cúbicos, aquelas entidades puderam dispor gratuitamente de 24.000.000 de metros cúbicos naquele ano, quantidade mais que suficiente para as suas largas e fartas necessidades, a ponto de sobejarem alguns milhões. E se – o que é improvável – a água não lhes viesse a chegar, o excesso seria pago por um terço igual às despesas de administração e exploração por metro cúbico de água consumida, o que corresponderia praticamente às despesas de elevação para a rede de distribuição da cidade. Por aqui se vê a bondade do contrato no tratamento especialíssimo que deu aos serviços públicos da capital (Estado e municipais) sem que estes contribuam com qualquer encargo ou despesa!
(Continua)
(Parte CXI de …)
15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (111)
(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – ÁGUAS DE LISBOA – João Carlos Alves – Presidente da Comissão de Fiscalização das Águas de Lisboa) Consultar todos os textos »»
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