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No Verão de 1934, ano e meio depois do contrato, pôde Lisboa dispor de 65.000 metros cúbicos para o seu consumo. Estava vencida a primeira étape do contrato (1.ª fase). Lisboa, depois de então, não sofreu mais sede de água, apesar de o consumo aumentar de ano para ano! Entretanto a Comissão de Fiscalização prosseguia os estudos da 2.ª fase, hoje praticamente terminada, para conseguir mais 100.000 metros cúbicos, em vez de 80.000, como previa o contrato nesta fase. Assim o exigia o acréscimo de consumo que incessantemente se notava de ano para ano. A solução de ir retirar água ao rio Tejo, no sítio da Chantra, perto e acima de Santarém, foi também posta de banda, pelas mesmas razões que levaram a Comissão de Fiscalização a preferir a captação das águas de Alenquer. Para mais, havia a considerar a construção do aqueduto do Tejo em larguíssima extensão (70 quilómetros), o que, além de ser muito moroso, era, por natureza, de construção demorada também, como o eram as restantes obras, especialmente as instalações de filtração. Houve, entretanto, a feliz lembrança de se preferir captar as águas subterrâneas do vale do Tejo, entre Carregado e Valada (na margem direita), por meio de poços artesianos ou semi-artesianos, para o que se abriu concurso público. A firma preferida foi a casa Johann Keller, de Francoforte (Alemanha), que deu boa conta dos trabalhos, obtendo os 100.000 metros cúbicos previstos no contrato com ela feito, divididos em três escalões: Carregado, 25.000 metros cúbicos; Espadanal, 40.000 e Valada, 35.000. cada escalão tem seis poços e cada um desses poços a produção média diária de 5.000 a 6.000 metros cúbicos. A água neles captada é elevada para o aqueduto do Tejo. Novos estudos, entretanto, se faziam, abarcando 3.ª fase, visto o consumo particular estar prestes a atingir o volume de 16.000.000 de metros cúbicos (já verificado em 1947). A Comissão lançou de novo as vistas para Alenquer, com o fito de reforçar o caudal captado, elevando-o para 40.000 metros cúbicos, em vez de 25.000, e também para Ota, onde espera obter 15.000 metros cúbicos, em vez de 8.000, sem prejuízo dos estudos, que se estão fazendo na vale do Tejo, onde outros escalões de poços são possíveis até ao Setil, na margem direita do Tejo e talvez na margem esquerda (vale do Sorraia), pelo que, pelo sim, pelo não, se contou aproveitar a nova ponte sobre o rio Tejo, em Vila Franca de Xira, cujo projecto considerou já a hipótese da passagem da respectiva conduta adutora vinda daquela margem. Ao mesmo tempo que as obras de captação e adução destas duas primeiras fases do contrato prosseguiam, não descuradas a ampliação da rede de distribuição da cidade e a sua remodelação, onde esta se mostrava deficiente, por falta de malhas ou de calibre, e bem assim a construção de três novos reservatórios (Amadora, Monsanto e Olivais), com a capacidade total de 37.000 metros cúbicos, e outras obras, entre as quais sobressai, pelo seu interesse sanitário, a estação de tratamento de Alenquer para as águas que correm no aqueduto do Alviela (Olhos de Água e ressurgências de Ota e Alenquer).
(Continua)
(Parte CX de …)
15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (110)
(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – ÁGUAS DE LISBOA – João Carlos Alves – Presidente da Comissão de Fiscalização das Águas de Lisboa) Consultar todos os textos »»
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