30 de outubro de 2024   
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DA OBRA A EXECUTAR E EM CURSO

Dos 728 quilómetros quadrados da superfície da ilha, 503são ocupados pelas zonas de florestas, matas e pastorícia. Portanto, apenas 225, são susceptíveis de albergar, nas condições peculiares do meio, a população humana e a pecuária estabulada.
O caudal total, de 2.900 litros por segundo, que o esforço das gerações de cinco séculos conseguiu aproveitar, permitiria a irrigação apenas de 2.280 hectares úteis, se fosse possível usar sempre o módulo médio de 0,35 litros-segundo por hectare; mas, forçando a escassez à redução, é-se conduzido, na generalidade, para que mais espalhado seja o benefício, ao regadio de carácter tão extensivo que, por vezes, se confunde com o sequeiro.
Pretende-se agora, com o dispêndio de cerca de 110 mil contos, obter de toda a terra o máximo da produção, dando mais pão aos portugueses na sua casa, e deseja-se liberta da sujeição estranha a obtenção de energia, proporcionando simultaneamente a todos os filhos da madeira uma vida mais fácil e alegre nos seus lares.
Reconhecidas as possibilidades, ainda relativamente vastas, verifica-se mais uma vez o carácter de excepção da providência governativa, seguindo a pisada desde sempre justificada pelo aspecto único, de eleição, desta parcela inigualável da terra portuguesa.
Promulga-se a lei, cria-se o organismo executivo e administrativo da obra a empreender e marca-se o prazo de dez anos para levar a cabo a tarefa.
No aspecto hidroagrícola, ir-se-ão dar à terra mais 1.235 litros por segundo, ou seja 42,5 por cento do que se conseguiu aproveitar durante cinco séculos, e que bastariam para transformar 3.520 hectares úteis de sequeiro em regadio, se não houvesse que disseminar grande parte pelas manchas insuficientemente irrigadas.
Após a realização do plano, a área útil irrigada será de 11.800 hectares, correspondente à total de 15.050 hectares – admitindo que a área social é de 16 por cento da área útil. O que falta para a área total cultivável – 8.450 hectares – ou são rochas ou é terreno ocupado por manchas de sequeiro e pinhal e incultos, algumas das quais agradeceriam a passagem a regadio, se a água chegasse para tanto.
No aspecto hidroeléctrico, ergue-se o edifício desde os alicerces.

(Continua)

(Parte CVI de …)


15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (106)

(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – APROVEITAMENTOS HIDRÁULICOS DA MADEIRA – Manuel Rafael Amaro da Costa – Presidente da Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira)

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