30 de outubro de 2024   
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GRANDES APROVEITAMENTOS HIDROELÉCTRICOS

Os motivos determinantes da criação e a oportunidade de constituição de um organismo técnico especialmente encarregado de seguir de perto a actividade das empresas organizadas pelo Estado, na parte relativa à execução de projectos de construção de grandes barragens e de centrais produtoras de electricidade com base na energia potencial das águas dos nossos rios, carecem, para serem bem compreendidos, de ser precedidos de breves palavras com que, a traços largos, se esbocem os antecedentes da questão.
Não obstante se tratar de princípios de Maio de 1919 o decreto que promulgou a chamada «lei de águas» – diploma através do qual se pretendeu estimular o uso de um dos mais importantes factores da riqueza nacional –, a verdade é que até à criação do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, em meados de 1932, pouco ou nada se fez no País em matéria de aproveitamentos hidroeléctricos de interesse nacional.
Comprova esta afirmação o facto de ainda há pouco tempo cerca de 70 por cento da potência instalada nas seis centenas de centrais de serviço público que possuímos serem de origem térmica. No entanto, durante o período que decorreu entre 1919 e 1932, houve um razoável movimento de pedidos de licenças para estudos. Poucos foram, porém, os aproveitamentos materializados; e destes nenhum podia aspirar a contribuir de forma sensível para a resolução do nosso problema de produção de energia eléctrica, tal era a exiguidade das capacidades das albufeiras criadas e tal a modéstia das potências instaladas nas respectivas centrais.
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A elaboração de um plano para o aproveitamento racional da energia das correntes e dos reservatórios de águas públicas de um país exige, como é óbvio, a prévia inventariação das suas possibilidades hídricas e um inquérito às necessidades do mercado.
Tal inventário, normalmente, só pode ser feito com base em extensos e pormenorizados reconhecimentos e levantamentos e a partir de dados fornecidos, durante uma série de anos consecutivos, por uma rede de postos udométricos, hidrométricos e de medição de caudal.
Grande era a nossa penúria neste particular quando o Ministério das Obras Públicas e Comunicações, logo após a sua criação, deliberou deitar a mão de todos os meios possíveis para recuperar o tempo que desde a publicação da lei de águas se perdera, por virtude do desinteresse manifestado pelas entidades privadas na realização de aproveitamentos hidroeléctricos que pesassem na economia nacional. E maior foi o esforço despendido pelos serviços hidráulicos, primeiramente através do Gabinete de Estudos e a seguir pela Repartição de Estudos Hidráulicos, se se atender aos notáveis resultados conseguidos no período, relativamente curto, de dezena e meia de anos.
Com efeito, ao passo que em 1931 não havia no País mais do que uma escassa centena de postos udométricos (menos de metade dos quais pertencia à rede de serviços hidráulicos) e cerca de meio cento de escalas hidrométricas, a situação em fins de 1947 é representada pelos seguintes números: 279 udómetros, 29 udógrafos, 110 escalas hidrométricas, 38 limnígrafos e 14 estações para medição de caudais, postos estes que, na sua totalidade, foram montados e funcionam sob a dependência dos serviços hidráulicos.
Durante o mesmo período as suas brigadas de estudos levantaram mais de 100.000 hectares e nivelaram uma extensão superior a 5.000 quilómetros, tendo os trabalhos sido efectuados nas bacias dos nossos principais rios, de norte a sul do País.
A escolha das bacias hidrográficas sobre as quais incidiram os estudos obedeceu, como é fácil de compreender, a um plano.

(Continua)


(Parte XCIX de …)


15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (099)

(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – GRANDES APROVEITAMENTOS HIDROELÉCTRICOS – Abel Mário de Noronha Oliveira e Andrade – Presidente da Comissão de Fiscalização das Obras dos Grandes Aproveitamentos Hidroeléctricos)

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