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Todo este trabalho, em que se aplicaram mais de 200.000 contos, decorre no período de intensa actividade construtiva que a Exposição de Obras Públicas comemora e dele resultou o actual porto de Leixões, tão diferente do que existia antes da segunda guerra mundial. Os armadores de navios, que anteriormente olhavam com justificada desconfiança este porto de pouco seguro abrigo e quase sem instalações, encontram nele agora tranquilidade e segurança, cais acostáveis, armazéns, terraplenos bem calcetados, instalações completas de vias férreas, um apetrechamento que aumenta e melhora dia a dia e, a par disso, a atenta preocupação das autoridades portuárias em conseguir que as operações dos navios se façam o mais rápida e economicamente possível. Encontram sobretudo, com interesse, alguma coisa que existia muito antes das obras, mas que só agora se lhes oferece em condições de se lhes tornar proveitosa: uma região produtiva, rica, activa, densamente povoada, ligada a centros importantes de consumo e distribuição e a zonas industriais, que produziu e exportou, em 1946 e 1947, 42 por cento do valor total das exportações portuguesas do continente. E tão intensamente aproveitam as possibilidades oferecidas pelo novo porto que o movimento deste cresce rapidamente de 200.000 toneladas em 1940 a 400.000 em 1945, ultrapassa em 1947 as 700.000, e caminha para atingir em breve o milhão. Deste modo, o porto, apenas criado, é já insuficiente. O peso de mercadoria movimentada em 1947 por metro linear de cais atinge quase 600 toneladas, número que se considera, em geral, um máximo para portos de carga geral como este é. Em resumo: o porto comercial de Leixões confirma e excede as esperanças nele depositadas por todos os claros espíritos que de há muito vinham mostrando, em vão, o alto interesse desta obra e restitui ao País, com elevado juro, as somas ali empregadas nos últimos quinze anos. Tem-se chamado pouco a atenção os portugueses para estes trabalhos, que, no conjunto, constituem uma das mais importantes obras públicas realizadas no País, e, por outro lado, as obras marítimas têm, como se sabe, a sua parte mais volumosa e mais cara escondida pelas águas, não se prestando por isso a auto-reclamo. Os milhares de visitantes que entram na doca para ver o movimento de chegada e partida dos navios, o tráfega intenso e ordenado, os armazéns pejados de mercadoria desembarcada ou arrumada para embarque, o vaivém constante de comboios de via estreita e de via larga, os camiões que circulam quase processionalmente entre a cidade e o porto, e admiram os enormes guindastes acabados de montar, os estranhos e engenhosos aparelhos de manutenção que ainda não tinham sido vistos em Portugal, a actividade das máquinas e a actividade dos homens, não avaliam, em geral, quanto esforço foi preciso para realizar tudo o vêem e o muito mais que as águas escondem. É este, decerto, o lugar próprio para lembrar que tudo isto é obra concebida, executada, sucessivamente aperfeiçoada nos últimos dezasseis anos, e, ainda que em muitos esteja esgotada a capacidade de admirar, à força de ver resolvidos, una após outros, problemas que gerações anteriores não puderam resolver, não haverá ninguém que não sinta no forte palpitar da vida deste porto uma bela promessa de prosperidade.
Henrique Schreck Director da Exploração dos Portos do Douro e Leixões
(Parte XCVIII de …)
15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (098)
(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – PORTOS DO DOURO E LEIXÕES – Henrique Schreck – Director de Exploração dos Portos do Douro e Leixões) Consultar todos os textos »»
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