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Deste modo, a situação de Leixões, no que respeita a abrigo e aproveitamento para comércio marítimo, manteve-se quase sem alteração através de quarenta longos anos. Até aqui, em 1931, o Governo decidiu criar verdadeiramente o porto comercial. Com base nos estudos feitos, nas opiniões recolhidas de especialistas portugueses e estrangeiros e no evidente interesse nacional da obra, autorizou a abertura de concursos para execução das três obras fundamentalmente necessárias:
a) Construção de um quebra-mar ou molhe exterior para proteger a entrada do porto, criar abrigo completo nos fundeadouros da bacia e garantir junto dos cais a tranquilidade de águas necessária para acostagem de navios e as operações de carga e descarga; b) Construção de uma doca de comércio com profundidade de 10 metros abaixo do nível da maior baixa-mar; c) Dragagem e quebramento de rochas, até àquela mesma profundidade, de uma ampla zona do porto, de modo a garantir o livre acesso à doca e criar na bacia fundeadouro em águas profundas com suficiente extensão.
Ainda nesse ano foram abertos os concursos para as duas primeiras obras acima indicadas, adjudicando-se em Fevereiro de 1932 as empreitadas respectivas. A de dragagens e quebramento de rochas na bacia de Leixões, a que se juntou trabalho análogo na barra do Douro, veio a ser adjudicada em Janeiro de 1936. Estas obras ficaram terminadas em1940 e 1941, excepto a de dragagem e quebramento de rochas, que foi interrompida no começo da guerra, rescindindo-se o contrato com o empreiteiro e tomando o Estado, pela Direcção Geral dos Serviços Hidráulicos, o encargo de a concluir. O quebramar é uma construção gigantesca; tem 1 quilómetro de comprimento, 100 metros de largura na base e assenta na extremidade em fundos de 18 metros sob a maior baixa-mar. É nessa extremidade que está colocado o farol que assinala a entrada do porto e é constituído por uma torre circular de betão armado, que pesa 10.000 toneladas, tem 18 ͫ ,5 de diâmetro na base e 26 metros de altura. Foram empregadas na construção do quebramar mais de 400.000 metros cúbicos de pedra e mais de 150.000 metros cúbicos de betão. Estes números, por grandes, são inexpressivos; avaliar-se-á melhor da sua importância dizendo, por exemplo, que com estas quantidades de materiais se poderia construir toda a vila de Matosinhos. A doca é um quadrilátero de 550 metros de comprimento por 175 de largura, onde cabem oito navios de tamanho médio. Foi construída sobre o leito do rio Leça, cujo curso teve de ser desviado por um aqueduto subterrâneo de 750 metros de comprimento. Paralelamente, fizeram-se outras obras para valorização do porto: prolongamento do cais acostável adjacente ao antigo molhe sul, construção de armazéns, calçadas, instalações ferroviárias, montagem de guindastes, etc.
(Continua)
(Parte XCVII de …)
15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (097)
(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – PORTOS DO DOURO E LEIXÕES – Henrique Schreck – Director de Exploração dos Portos do Douro e Leixões) Consultar todos os textos »»
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