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PORTO DE LISBOA
É o nosso primeiro porto, um dos maiores e melhores do Mundo, este de Lisboa, o único de Portugal capaz de desempenhar em grande escala as funções regional, comercial e industrial. A sua situação geográfica é privilegiada e privilegiadas são também as suas condições naturais. A amplidão do estuário que o forma, a relativa quietude e grande profundidade das suas águas, a configuração orográfica dos terrenos que o cercam, a constância do seu regime hidráulico, verificada em alguns séculos de observação, e o seu fácil acesso em todas as quadras do ano fazem que ele seja, com efeito, um dos maiores e mais interessantes portos naturais do Mundo. Os temporais não o açoitam senão raramente, nem ventos persistentes e incómodos o fustigam. Constitui por isso para a navegação um asilo seguro. Mas não basta a um porto, para ser bom, por melhores que sejam as suas condições naturais, tudo quanto de bom só a Natureza lhe deu. Precisa de mais alguma coisa: precisa de engenho humano. Os portos naturais foram suficientes enquanto o hélice não substituiu a vela e o metal a madeira. O aumento das dimensões, da velocidade e do número de navios, aproximando, em tempo, uns dos outros os homens de todas partes do Globo e estreitando-lhes as relações, fez surgir a necessidade imperiosa de se aparelharem os portos convenientemente para darem vazão ao enorme e sempre crescente tráfico de passageiros e carga que caracteriza a nossa época. ----------------------------------------------------------------------------------------------- Finalmente, pelo decreto-lei n.º 35.716, de 24 de Junho de 1946, foi cometida à Administração Geral do Porto de Lisboa a obrigação de promover a execução de um novo plano de melhoramentos deste porto, abrangendo:
a) A execução de obras marítimas; especificadamente as seguintes: doca de Pedrouços, para o serviço de peixe; conclusão da 1.ª secção; complemento da 3.ª secção, entre Xabregas e Poço do Bispo; conclusão da doca do Poço do Bispo; doca dos Olivais e regularização da margem até Beirolas; regularização da margem de Paço de Arcos; canalização e saneamento do troço marítimo do rio Jamor; obras de abrigo e regularização da margem do Alfeite; obras na Trafaria; b) A execução de obras e instalações terrestres, como arruamentos e vias férreas, armazéns e outros edifícios diversos, incluindo a sede da Administração Geral e instalações do pessoal; c) O apetrechamento do porto comercial, tanto em equipamento terrestre como marítimo.
Este plano está já largamente em execução: a doca de Pedrouços e a conclusão da do Poço do Bispo estão adjudicadas; a doca dos Olivais e regularização da margem até Beirolas, a regularização da margem em Paço de Arcos e a canalização e saneamento do troço marítimo do rio Jamor estão a executar-se; está proposta para adjudicação a regularização da margem no Alfeite; várias obras e instalações terrestres estão em execução ou em preparação e, finalmente, quanto a apetrechamento do porto, tanto terrestre como marítimo, adquiriram-se ou estão em via de aquisição várias unidades. Cumprido que seja este plano de melhoramentos, ver-se-á dotado de elementos que o situarão entre os bons portos do Mundo o de Lisboa, que é, ao mesmo passo que imperial e internacional e o maior e mais importante dos nossos portos, instrumento económico, social, político e militar de altíssimo valor e que bem merece que o Governo da Nação o olhe sempre com o carinho que lhe vem dispensando. Sendo, de certo modo, importante a obra realizada no porto de Lisboa durante o período que vai de 1932 a 1947, importa considerar que, além de aquisições de vulto, alguns dos trabalhos de relevo concluídos depois de 1932 tiveram início antes daquele ano, a partir de 28 de Maio de 1926. Bastará, para ajuizar do seu valor, apontar as importâncias que na sua efectivação se despenderam já ou que estão já comprometidas.
(Continua)
(Parte XCIII de …)
15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (093)
(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – PORTO DE LISBOA – Salvador de Sá Nogueira – Administrador Geral e Presidente do Conselho de Administração do Porto de Lisboa) Consultar todos os textos »»
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