16 de julho de 2024   
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Uma e outra compreenderam que o País avançava para um aumento feliz da população, para uma subida nítida da idade média das pessoas, para um nível de vida de maior conforto, e que tudo eram problemas sérios, de raízes positivas a encontrar no aumento da produção. Também sabiam que tinham sido chamadas por um grande Ministro, que, nas matérias postas, queria fazer incidir a acção do fomento hidroagrícola e dos aproveitamentos hidroeléctricos simultâneos da rega por presença real e construtiva e não por declamações inúteis em busca da perfeição (com o risco de sacrificar ao principal o acessório) ou em êxtase a passados heróicos.
Uma e outra ainda – e certamente aconteceu o mesmo ao grande Ministro que nelas confiou – tinham bem presente a necessidade de actuar, de acelerar com os meios materiais que lhes viessem à mão, conscientes todos dos princípios da responsabilidade indivisa, da maior devoção à honestidade e da certeza, também, de só se poder fazer individualmente fracção do muito de que se é o único responsável. Com tal amparo, ajudados por uma persistência sem limites e pela noção de que as coisas descarrilam facilmente; que o insucesso tem de ser recebido com carinho, de modo a tê-lo como lição a aproveitar; que os dias de estudo estão sempre a principiar, a acção em linha recta foi seguida sem desfalecimentos, buscando-se instantemente não a deixar dobrar sobre si mesma.
E assim, embora o rio da vida passasse para muitos e não mais volte, não se envelhecem. A Junta conservou-se nova, porque novos se conservaram os seus engenheiros.
Engenharia sem mocidade, se não é um ser morto, não passa de coisa ociosa e fátua. Uma inutilidade. Como tal, nem emoções, nem aspirações, nem entusiasmos, nem espiritualidade é capaz de ter. A sua primordial função de contribuir para que o nível da vida se eleve (o que grandemente define o grau de felicidade e de quota-parte dada ao bem geral) falha se os técnicos, seja qual for a sua idade, estiverem servidos por almas velhas, campos de cultura das leis da inércia e da regressividade.
No caso concreto da hidráulica agrícola, cujo objectivo é fazer da produção, pelo seu aumento em quantidade e qualidade, um factor social de real poder, se o entusiasmo moço não dominasse, nem mesmo vestígios da chamada antiga arte de rega perdurariam, quanto mais as marcas fundas da ágil técnica do presente, que a matemática e a mecânica impulsionaram por necessidade económica e por amplificação da capacidade física do homem.
Quem um dia indague ou queira conhecer quais os meios de acção e de trabalho que foram utilizados, no período de anormalidade por que o Mundo tem passado, para levantar algumas das grandes barragens que a Junta já conta no seu activo, bem natural é que conclua com admiração. Mas há que contar que só não se rotulará de inconsciência a orientação tomada e o caminho escolhido se o julgador for um técnico não envelhecido, porque só assim ele estará sem constrangimento para julgar, isto é, será livre, e possuirá então a noção perfeita do que significa a confiança cristã em si próprio e a devoção ao dever, que cria a confiança dos outros. E compreenderá até – se ainda o não souber – o milagre de as famílias modestas educarem os seus filhos sem preceptores de fama nos diferenciados ramos da sabedoria, com o acompanhamento da aquisição dos últimos equipamentos do ensino e o prazer de alma que elas sentem de chegar ao fim e poderem olhar a obra como sua.
Este prazer têm-no hoje a Junta Autónoma das Obras de Hidráulica Agrícola, os engenheiros e toda a «família» que ela soube criar e a vem servindo no plano en curso há mais de uma dúzia de anos pela colaboração que todos deram sem reservas à obra do Governo da Nação. E com humildade se crê que nunca tal sentimento foi nem mais justificado, nem mais legítimo.
Continuando. Em 1936 estavam organizados e apresentados os projectos que seguem do plano de 1935 e mesmo já contratadas algumas obras do mesmo.

(Continua)


(Parte LXXXIX de …)


15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (089)

(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – HIDRÁULICA AGRÍCOLA – António Trigo de Morais – Presidente e Director da Junta Autónoma das Obras de Hidráulica Agrícola)

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