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Mas as novas forças criavam agora outro problema, que urgia resolver. É que os navios, embora fadados para o mar, vivem na dependência da terra, e modernamente mais ainda do que nos tempos da vela, em que a fonte de energia que lhes assegurava a propulsão era inesgotável. Para desempenharem com eficiência a sua acção no mar precisam de bases, isto é, de portos convenientemente apetrechados, dispondo de todos os elementos que lhes facultem não só a beneficiação e reparação, o reabastecimento de combustíveis, munições e mantimentos, mas também o repouso e recuperação das suas guarnições, que a exaustiva labuta no mar, a breve trecho, fatiga. Era necessário, em suma, olhar para a Base Naval de Lisboa – a nossa base principal – com o mesmo carinho que se dispensara aos navios, dotando-a com os meios a estes necessários e ainda com instalações para as forças aeronavais, cujo desenvolvimento fora decidido pelo Governo paralelamente com o das forças navais propriamente ditas, dado que o Centro de Aviação Naval do Bom Sucesso estava longe de satisfazer. É, por isso, nomeada no Ministério da Marinha (portaria de 19 de Dezembro de 1936) a comissão de coordenação e estudos das instalações da marinha de guerra, à qual foi atribuído o encargo de estudar a instalação os diversos elementos constitutivos da Base Naval de Lisboa. Antes dessa outras comissões haviam já sido encarregadas do estudo de problemas parcelares, que se integravam agora no âmbito geral do trabalho cometido à nova comissão e que tinham, consequentemente de ser revistos. Procedeu essa comissão a cuidadoso estudo das diversas instalações necessárias, esboçou as linhas gerais a que deviam obedecer e, tendo examinado detidamente os locais, nas margens do Tejo, de possível aproveitamento, estabeleceu a respectiva localização. As principais instalações por ela concebidas e delineadas são a Estação Naval do Alfeite e o Centro de Aviação Naval do Montijo. A realização das respectivas obras marítimas e terrestres ficou, pelo decreto n.º 29.485, de 17 de Março de 1939, a cargo do Ministério das Obras Públicas. Para as administrar e fiscalizar foi criada pelo mesmo diploma uma comissão administrativa autónoma – a Comissão de Obras da Base Naval de Lisboa. Esta, interpretando os programas do Ministério da Marinha para as duas grandes instalações, elabora rapidamente os primeiros projectos das obras, as quais, assim, puderam começar ainda naquele ano. Logo em Setembro rebentou a segunda grande guerra mundial, que tantas dificuldades trouxe ao regular prosseguimento dos trabalhos, mas que não impediu, ainda assim, a sua realização, embora a ritmo mais lento e com maiores restrições no desenvolvimento dos projectos, limitados, na sua concepção, ao mínimo indispensável, para, tanto quanto possível, se cingirem às verbas disponíveis. (Continua)
(Parte LXXIV de …)
15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (074)
(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – BASE NAVAL DE LISBOA – Joaquim de Sousa Uva – Capitão de Fragata – Presidente da Comissão de Obras da Base Naval de Lisboa) Consultar todos os textos »»
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