Foi adoptado o critério de que a assistência aos leprosos devia assentar em princípios que a Ciência hoje preconiza, mas mitigada, tanto quanto possível, a crueza de alguns com uma bondade que não prejudicasse a eficiência do objectivo a obter. O plano das obras do Hospital-Colónia Rovisco Pais foi, pois, delineado que uma luta eficiente, capaz de limpar em poucos anos o nosso país do mal sujo que é a doença de S. Lázaro, deve apoiar-se nas seguintes bases: a) Isolamento compulsório e tratamento dos doentes contagiantes; b) Vigilância e tratamento dos não contagiantes em regime hospitalar ou domiciliário; c) Despistagem dos doentes, fonte de contágio, procurando descobrir fontes incipientes, para se instituir um tratamento precoce, a fim de se obter dessa forma um duplo benefício: maior número de curas e mais possibilidades de defesa da sociedade; d) Vigilância dos doentes clinicamente curados, suspeitos e dos egressos do Hospital-Colónia Rovisco Pais; e) Obrigatoriedade da declaração dos casos de lepra; e f) Divulgação dos noções médico-sociais indispensáveis ao conhecimento e combate da doença de Hansen.
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Ali se instalou pois o nosso armamento antileproso, formado pela dispensário central, creche e casa de educação e trabalho, hospital, casas de trabalhadores, asilos e por brigadas móveis, que se deslocarão através do País, para uma melhor despistagem dos doentes, sua vigilância e tratamento. Quer dizer, centralizou-se ali esta dupla missão: cuidar dos doentes e defender os sãos. Melhor ainda: tratamento e profilaxia da lepra. Bem se pode afirmar que ali se trabalha já pelos leprosos, contra a lepra.

A comissão houve por bem dividir em duas fases o programa das obras a realizar: a primeira compreende o Hospital, centro de estudos e investigação, diagnóstico e tratamento médico-cirúrgico, com três pavimentos, o primeiro dos quais para consultas externas e serviços de oftalmologia, estomatologia, otorrinolaringologia, fisioterapia, roentgendiagnóstico e roentgenterapia, laboratório de análises clínicas e de anatomia patológica , farmácia e admissão de doentes; o segundo para o internamento de 38 mulheres, com o bloco cirúrgico anexo; e o terceiro para o internamento de 36 homens.
(Continua)


(Parte LXII de …)


15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (062)

(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – LEPROSARIA NACIONAL ROVISCO PAIS – Bissaia Barreto – Presidente da Comissão de Obras da Leprosaria Nacional Rovisco Pais)