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CIDADE UNIVERSITÁRIA DE COIMBRA
A Universidade, com os seus seis séculos e meio de existência, fixada definitivamente em Coimbra em 1537, tem visto crescer as suas colecções científicas, as suas bibliotecas e as suas instalações em tantos edifícios e terrenos que já no princípio deste século constituía uma verdadeira e notável Cidade Universitária. Mas as necessidades, casa vez mais prementes, da criação de novos serviços, de institutos, de laboratórios e de aquisição de material de ensino, de estudo e de investigação, para acompanhar o vertiginoso progresso das ciências, impõem de há muito, o alargamento dessas instalações. O reconhecimento de tais necessidades e as possibilidades de lhes dar satisfação permitiram o grandioso empreendimento em que o Governo se lançou e que constitui um dos factores - dos mais transcendentes - da renovação material, base do ressurgimento moral e intelectual da Nação. A obra, de vulto qualquer que fosse o lugar em que se levasse a efeito, assume proporções gigantesca quando a comparamos com tudo quanto se fez pela Universidade de há séculos a esta parte e quando recordamos que simultaneamente outras e igualmente prodigiosas realizações engradecem e actualizam a fisionomia do País. Parece, à primeira vista, que teria sido preferível construir uma cidade universitária nova, em terreno livre, mas já assim não pensará quem conheça a Universidade e saiba que ela, nesses séculos da sua gloriosa existência, acumulou um património que tem de ser mantido, respeitado e utilizado. O edifício central - o Paço das Escolas -, com a sua preciosa capela, a sua riquíssima e inigualável biblioteca, os Gerais e o antigo Colégio de S. Pedro são hoje monumentos nacionais. E, se juntarmos a este conjunto, dos mais impressionantes e evocativos no seu género, a importante massa de edifícios do Museu, Faculdade de Letras, Colégio das Artes e de S. Bento, além doutros a aproveitar, como os Conventos dos Grilos e da Trindade, já não pode pensar-se em situar a Universidade noutro local que não seja… aquele em que ela está actualmente, embora alargando-lhe o âmbito à custa dos 《incrustados malfazejos》, sem interesse nem higiene. Não se ignora - e já repetidas vezes se tem sentido - o saudosismo lusitano, que vê sempre com mágoa, efémera mas lamurienta, o demolir de coisas a que andam ligadas as recordações pessoais de uns e os acontecimentos sensacionais relativos a outros. (Continua)
15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (054)
(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – Cidade Universitária de Coimbra – Maximino Correia - Presidente daa Comissão Administrativa das Obras da Cidade Universitária de Coimbra Consultar todos os textos »»
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