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São metálicos os aros que guarnecem os vãos interiores, bem como as caixilharias exteriores, reconhecido como está que as diferentes entradas e saídas de camas nos vários compartimentos tornam necessárias constantes reparações nos aros de madeira e que estes, além disso, oferecem, não só menor resistência à acção das intempéries, mas também menor facilidade ao acesso de luz. Diligenciou-se obter para as portas interiores condições razoáveis de isolamento, em concordância com o condicionamento já adoptado nas paredes e divisórias, etc. Não cabe nesta sucinta descrição alongarmo-nos acerca dos variados pormenores que condicionaram a construção civil e acerca das soluções que para cada caso – e inúmeros foram – a Comissão adoptou, já que se julga indispensável uma referência, embora breve, a algumas das instalações ligadas à construção, nomeadamente de águas e de electricidade e aquecimento. Relativamente à primeira, foi necessário contar com um consumo diário médio de 500 litros por doente. Este número, acrescido do consumo relativo ao pessoal, estudantes, etc., levou à previsão de um volume de cerca de 1.000 metros cúbicos por dia e, consequentemente, à necessidade de manter em depósito tal quantidade como reserva. Abrange este total a água quente e fria, cuja distribuição é mister assegurar com pressão quanto possível constante em cada local, embora variável de piso para piso. E estas condições obrigam à construção de grande depósitos, instalações de bombagem e redes de distribuição, as quais serão montadas exteriormente às paredes, para assegurar fácil observação e conservação. A instalação eléctrica, abrangendo a iluminação, a sinalização, a força motriz, circuitos de corrente médica, raios X e aquecimento, atinge enorme desenvolvimento. Corresponde a uma potência instalada de alguns milhares de quilovátios, e obriga a recorrer a processos especiais de execução para que, dentro dos recursos de mão-de-obra de que é possível dispor no nosso País, seja realizável no mais curto prazo. A Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Universitários, tendo a seu cargo a construção dos Hospitais Escolares de Lisboa e do Porto, independentemente do bloco hospitalar do Instituto Português de Oncologia e da Escola de Enfermeiras do mesmo estabelecimento, foi levada, naturalmente, a desenvolver o seu plano de trabalhos por forma a que os estudos e os ensinamentos feitos e colhidos no decorrer das obras que ia executando fossem aproveitados nas construções seguintes. E, assim, construiu-se primeiramente a Escola Técnica de Enfermeiras do Instituto Português de Oncologia, já há alguns anos em funcionamento; está terminado o bloco hospitalar do mesmo Instituto, onde se estudaram e ensaiaram muitos dos processos e métodos seguidos no Hospital Escolar de Lisboa e cuja construção se encontra também muito adiantada, e está igualmente aplicando esses métodos e processos, em grande parte, no Hospital Escolar do Porto, onde é de notar que a indispensável utilização de granito – material fundamental em todas as construções da região – não podia deixar de ser considerada. A terminar estas breves notas, resta-me, como modesto colaborador em obra de tão grande vulto e de projecção maior ainda no futuro do País, no tríplice aspecto do ensino, investigação e assistência, fazer os mais sinceros votos para que todos os esforços e investimentos nela reunidos, mercê da meritória iniciativa do Governo, possam corresponder cabalmente aos objectivos que se pretendem atingir.
Fernando Jácome de Castro Vice-presidente da Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Escolares
Parte LIII de …)
15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (053)
(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – Novos Edifícios Escolares. Hospitais – Fernando Jácome de Castro - Vice-Presidente da Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Consultar todos os textos »»
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