21 de novembro de 2024   
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Todo o corpo longitudinal sul ficará especialmente afecto ao internamento dos doentes; o corpo longitudinal norte e as alas transversais instalarão a Faculdade de Medicina, a administração e direcção do Hospital e da Faculdade, as consultas externas e os serviços de urgência, operatórios e de pessoal.
Entre os dois corpos longitudinais, podendo servir com facilidade todo o conjunto, dispuseram-se: a nascente, as cozinhas, seus anexos e lavandaria; na parte ce, as instalações de máquinas e caldeiras, e a poente as instalações de agentes físicos e raios X, diagnóstico e tratamento.
A área total da construção atinge cerca de 120.000 metros quadrados, dos quais aproximadamente 90.000 correspondem ao Hospital e 30.000 à Faculdade de Medicina.
Para se dar início a estas enormes construções foi mister, após a aprovação do projecto, proceder ao seu estudo e desenvolvimento pormenorizados e, simultaneamente, organizar o trabalho e obter os materiais necessários para a sua realização.
Se notarmos que só para o Hospital Escolar de Lisboa era preciso dispor de cerca de 7.000 toneladas de ferro, 35.000 toneladas de cimento, 80.000 metros cúbicos de pedra para alvenaria e britas e 50.000 metros cúbicos de areia, além de enormes quantidades de tijolo e de cerca de 1 milhão de blocos especiais para pavimentos - para nos referirmos apenas aos materiais de maior consumo -, facilmente se poderá avaliar das dificuldades que foi preciso enfrentar para se constituir provisão de todos esses materiais que permitisse dar início à execução, num ritmo conveniente e garantindo a sua indispensável continuidade.
Foi ainda necessário proceder aos cálculos de todas as estruturas, considerando, a par das condições de segurança e estabilidade, as exigências impostas pela natureza do edifício, como a supressão de vigas aparentes, os isolamentos contra ruídos e variações de temperatura, e ainda, e simultaneamente, a possibilidade de uma compartimentação interior independente da estrutura.
Detenhamo-nos um pouco mais nas imposições que o aspecto funcional dos serviços a instalar trouxe, como imediato reflexo, aos processos e métodos de construção a adoptar nestas obras hospitalares:
Tratando-se de uma estrutura de betão armado, independentemente da conveniente protecção exterior, tornou-se indispensável revesti-la interiormente por forma a criar as condições de conforto apropriadas ao tratamento de doentes. Todas as paredes exteriores receberam por isso, na sua face interna, um revestimento constituído por um pano de blocos isoladores, em betão celular ou betão especial com granulado de cortiça, e todos os pavimentos, construídos em betão armado sobre blocos especiais, foram também revestidos superiormente com uma camada de espessura variável do mesmo material isolador. É sobre essa protecção que assentam os revestimentos dos pavimentos, de cortiça comprimida ou tacos de madeira, de mosaico ou de pedra, tudo conforme a utilização dos vários compartimentos.
Por outro lado, teve-se em vista que em todo o edifício, quer pelas disposições de forma, quer pela qualidade dos materiais empregados, a conservação seja fácil e possam ser mantidas as condições de higiene e limpeza com o mínimo pessoal.
(Continua)


Parte LII de …)


15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (052)

(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – Novos Edifícios Escolares. Hospitais – Fernando Jácome de Castro - Vice-Presidente da Comissão Administrativa dos Novos Edifícios

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