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NOVOS EDIFÍCIOS UNIVERSITÁRIOS Hospitais escolares - Instituto Português de Oncologia
Os dois centros de ensino médico (de Lisboa e do Porto) são constituídos cada um por uma grande policlínica, estudada e organizada como um «centro médico», servindo a assistência, a educação geral e o ensino. Este tipo de «obra de assistência» reduz a média geral da hospitalização em tempo e em número; presta serviço aos doentes externos, estudando-os, tratando-os e fornecendo aos médicos fichas de observação. Nestes centros os serviços de diagnóstico e de tratamento, colocados entre a policlínica e a secção hospitalar, podem ser utilizados pelos doentes internos e externos, sem que uns e outros se encontrem. O estudo dos planos dos Hospitais Escolares mostra como as entradas das consultas, dos serviços de urgência, dos doentes a hospitalizar (admissão), dos doentes em observação ou em tratamento nas clínicas gerais ou especializadas, contagiosos ou não, são absolutamente independentes. As entradas dos alunos, a entrada independente para os serviços de anatomia e as entradas dos médicos, das enfermeiras e das visitas são todas separadas umas das outras. As circulações, elemento primacial na vida do Hospital, têm nos Hospitais Escolares excelentes soluções, pois num hospital de 1.500 camas, além de o maior trajecto ser de menos de 400 metros, não há cruzamentos, como nas construções em pavilhões. Nessas, nem as melhores são livres de tal defeito, como acontece com a Grange Blanche, em Lião, onde mais de 3.000 metros de galeria não impedem cruzamentos dolorosos, como tive ocasião de observar em 1935. Nos Hospitais Escolares de Lisboa e do Porto alunos, visitas e pessoal, alimentos e roupa, materiais limpos ou sujos circulam sem nunca se cruzarem e os mortos não podem ser vistos nem encontrados pelos doentes, pelas visitas ou pelo pessoal das clínicas. E é notável ter-se obtido isto com um mínimo de corredores, o que torna estes Hospitais modelos dignos de apreço. A estas excelentes condições de vida funcional, facilitando e reduzindo o trabalho das enfermeiras e dos médicos, há a juntar a concepção das clínicas em altura – linha vertical –, proposta por Distel. Só a clínica para tuberculosos fica em horizontal, sobre os terraços – a uma altura de 140 metros acima do nível do mar –, dando-lhe condições de santório de planície. Todos os outros serviços ficam dispostos verticalmente e ocupam toda a ala sul do edifício nos seus sete dentes e na união horizontal dos torreões. A disposição destes dentes é tal que as clínicas podem dividir-se, associar-se ou ser utilizadas como o progresso do ensino o vier a determinar. Por agora a comissão técnica colocou ali três clínicas médicas, duas cirúrgicas, sete de especialidades médicas e cirúrgicas e uma de isolamento para infecto-contagiosos. ------------------------------------------------------------------------------------------------- As entradas do Hospital e da Faculdade estão estudadas tão inteligentemente por Hermann Distel que doentes, médicos, alunos, enfermeiras e visitas não se encontram e têm entradas independentes. Na edificação norte, acima e em volta deste jogo de entradas, ficam os serviços de ensino do 1.º ciclo da Faculdade, que também ocupam, com alguns serviços de diagnóstico e de terapêutica pertencentes ao Hospital, os três edifícios por onde se faz a união das duas grandes construções atrás referidas.
(Continua)
(Parte XLVI de …)
15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (046)
(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – Novos Edifícios Escolares. Hospitais – Instituto Português de Oncologia. Francisco Gentil – Presidente das Comissões Técnicas dos Hospitais Escolares e do Instituto Português de Oncologia)
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