Eram bem conhecidas as angustiosas deficiências em que funcionavam a maior parte das escolas do País. Instaladas, em regra, em verdadeiros pardieiros, sem obediência aos mais elementares preceitos técnicos, higiénicos ou pedagógicos, nunca seria tirar do ensino, ministrado em semelhantes condições, o rendimento, quer por parte do professor, quer dos alunos, que havia o direito de esperar.
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Entre nós, porém, importava também instalar a cantina anexa à escola, problema máximo, que se confunde com o problema do ensino; e este, em nosso entender, não poderia ter uma solução prática e eficiente senão por intermédio da cantina escolar, que assegure à criança uma alimentação suficiente.
Só assim os pais mandarão espontaneamente os filhos à escola, dispensando-as de trabalhos impróprios da sua idade, evitando-se deste modo o duplo perigo de um maior depauperamento físico e de o português ficar analfabeto.
Ao encontro desta orientação têm vindo muitos particulares, entregando as importâncias necessárias para manter as cantinas, enquanto o Estado procede à construção dos edifícios.
A tudo se tem procurado atender no campo da educação nacional, quer se trate do ensino secundário, técnico, superior ou artístico, e alguns edifícios há com profundas modificações, citando-se, por exemplo, a casa que Garrett teve a iniciativa de fundar em 1826, com o nome de Conservatório de Arte Dramática. Não podem deixar de causar admiração a quem as conhecer as modernas transformações por que passaram os interiores do actual Conservatório Nacional, que hoje lhe dão conforto e alegria, fazendo esquecer o velho casarão, onde o ambiente não era muito próprio para o exercício das artes dramática e musical.
Que diremos da transformação sublime do nosso primeiro teatro, por onde têm passado as maiores notabilidades musicais, e que, tendo sido edificado em 1792, num período de seis meses foi remodelado com bom gosto e superior critério para que a sala, com a sua forma elíptica e as suas admiráveis condições acústicas, nada sofresse com as modificações efectuadas?
Outras grandes realizações foram: o Museu de Arte Antiga e Queluz, o palácio que principiou como uma simples casa de campo, pertencente a Cristóvão de Moura, e que foi sendo sucessivamente transformado e adaptado a moradia real e residência favorita de D. João V e de D. Carlota Joaquina.
Belo restauro foi efectuado, que muito honra os artistas nacionais, pela devoção com que trabalharam para o rápido restabelecimento do Palácio, quase condenado ao desaparecimento.
Aqui se salientaram os artistas, desde o mais elevado grau até aos mais humildes; e períodos intensos de trabalho houve em que nos apaixonava a ideia da criação de verdadeiras escolas de entalhadores, pintores de arte e douradores, que supúnhamos completamente perdidos, tal o abandono a que essas artes tinham sido votadas em Portugal.
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As finanças, base de toda a reconstituição nacional, não poderiam ser esquecidas, e as suas instalações, dentro da obra monumental de Pombal, junto do Terreiro do Paço, constitui um exemplo vivo da centralização dos serviços, a par de uma obra de engenharia de grande envergadura e de óptimas soluções arquitectónicas.
No sector da assistência social, que só pode existir, em boas condições, com instalações condignas, têm os serviços técnicos da Direcção Geral afirmado a sua capacidade em construções de grande relevo, que permitiram já o funcionamento de estabelecimentos hospitalares em Lisboa, Porto, Coimbra e Viseu.
(Continua)

(Parte XXV de …)


15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (025)

(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – Edifícios e Monumentos Nacionais – Henrique Gomes da Silva – Director Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais)