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A Engenharia e as Obras Públicas
A Exposição agora realizada abrange quase exactamente o período que vai da celebração do I Congresso Nacional de Engenharia, em 1931, até hoje. Por iniciativa da respectiva comissão organizadora, realizou-se nesse ano, no edifício da Sociedade Nacional da Belas-Artes, uma exposição que, embora de características diferentes da actual – compreendia, não só as obras públicas, mas também todas as actividades em que os engenheiros tiveram interferência –, pode tomar-se como ponto de partida para avaliar a extensão do caminho percorrido durante estes quinze anos de actividade do Ministério das Obras Públicas e Comunicações. Foi longo esse caminho; e, se considerarmos o curto prazo gasto em percorrê-lo, não podemos deixar de admirar a velocidade com que se realizaram tantos e tão grandes empreendimentos. Não é necessário citá-los. Os que tiveram a felicidade de assistir a esta enorme transformação conhecem-nos bem. Para os mais novos e para aqueles que seguem mais de longe as realizações deste género é que se tomou a feliz iniciativa de reunir aqui, no edifício do Instituto Superior Técnico, toda a documentação agora apresentada. Não se podia ter escolhido local mais próprio, pois a construção das novas instalações deste estabelecimento de ensino superior foi a primeira obra de um ministro que não pode esquecer – Duarte Pacheco. Foi aqui que ele mostrou pela primeira vez as suas raras qualidades de realizador. Foi feliz ainda por outro motivo a escolha do Instituto: é aqui a escola de engenharia de Lisboa; e, se muito devemos aos estadistas de privilegiada visão por quem temos tido a sorte de ser dirigidos, bastante se deve também aos engenheiros que, juntamente com os arquitectos, foram os grande obreiros desta tarefa imensa. Poderá parecer, à primeira vista, que só aos engenheiros civis se devem as obras a que os documentos aqui apresentados se referem. É um erro grave, que convém evitar. A complexidade da técnica moderna é tal que para qualquer obra, se torna necessária, a colaboração de todos. Nas barragens é o geólogo que estuda as fundações, o civil que as constrói e o electrotécnico que se ocupa das centrais; mas sem a cooperação do mecânico e do químico, que fabrica o cimento e os outros materiais, nada se poderia fazer. Outro tanto acontece com os portos de mar, as grandes obras de hidráulica agrícola e os grandes edifícios; chegando mesmo a ser exigida ainda a colaboração dos arquitectos e dos técnicos de outras especialidades. Se esta Exposição não bastasse para o comprovar, mostrá-lo-iam, por esse País fora, a instalação de numerosas indústrias novas e a transformação de tantas outras, que bem revelam como todos trabalharam por igual para se chegar aos resultados obtidos. Este facto terá – estou certo disso – a sua melhor confirmação no II Congresso Nacional de Engenharia, a realizar ainda este ano no cidade do Porto. Nunca os engenheiros tiveram melhor oportunidade em Portugal para evidenciar de quanto eram capazes no esforço a despender para a transformação completa do País. É indubitável que, na vida actual, se torna cada vez maior a importância dos técnicos e que a eles se pede cada vez mais, mas pode e tem de afirmar-se também que os engenheiros portugueses corresponderam ao que deles se exigiu. Para mim é muito agradável, como presidente do conselho directivo da Ordem, poder afirmá-lo. Para todos os que visitaram a Exposição deve ser igualmente agradável reconhecê-lo.
José Belard da Fonseca Presidente do Conselho Directivo da Ordem dos Engenheiros
(Parte V de …)
15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (005)
(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – A Engenharia e as Obras Públicas) Consultar todos os textos »»
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