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Apesar da insistência de alguns seus amigos políticos para que resistisse e de ainda dispor de algumas tropas concentradas na Amadora, de alguma G.N.R. e da polícia, comandada, por Ferreira do Amaral, cujas ligações com Mendes Cabeçadas eram demais conhecidas, o antigo revolucionário do 5 de Outubro resolveu submeter-se. No dia seguinte Gomes da Costa, instalou-se em Belém, com o seu novo Governo do qual faziam parte todos os ministros do anterior, menos os ministros das Finanças e da Instrução, srs. Profs. Drs. Oliveira Salazar e Mendes dos Remédios, que reconhecendo a impossibilidade de em tal ambiente realizarem acção de utilidade resolveram regressar à sua vida de Mestres universitários. Nesta atitude foram de início acompanhados pelo sr. prof. Doutor Manuel Rodrigues Júnior que depois acabou por continuar no Governo como ministro da Justiça. De novo entravam para o Ministério, o comandante Filomeno da Câmara para as Finanças, o Dr. António Claro para o Interior, o comandante Armando da Gama Ochoa para as Colónias e o prof. Dr. Artur Ricardo Jorge para a Instrução. O general Gomes da Costa, grande e glorioso soldado cheio dos maiores e mais notáveis serviços ao País, não era, porém, o estadista que o País reclamava e na política, tanto ou mais que o comandante Cabeçadas deixava-se manejar pelas muitas e antagónicas forças que à sua volta gravitavam. Foi cedendo a essas pressões que, em 6 de Julho, o bravo militar, que sucedendo inteiramente a Cabeçadas, concentrava em si os poderes de Chefe do Estado e do Governo, resolveu por uma simples carta particular demitir dos seus cargos o general Carmona, comandante Gama Ochoa e Dr. António Claro; nomeando para os substituir os srs. prof. Dr. Martinho Nobre de Melo e coronel João de Almeida, reservando para si a pasta do Interior até então ocupada por António Claro. O facto causou a maior sensação como não podia deixar de ser. Com os ministros demitidos logo se solidarizaram os restantes membros do Governo que Gomes da Costa ainda deixara no Poder. Foi então resolvido por iniciativa do general comandante da I.ª Divisão, o general Luís Domingues, fazer uma «demarche» junto do Chefe da Revolução Nacional da qual se encarregaram além daquele oficial superior os coronéis Valadas, comandante da G.N.R., Mouzinho de Albuquerque e Raul Esteves, os quais estavam em permanente contacto com o general Sinel de Cordes e o comandante Jaime Afreixo, ministro da Marinha, que encarnava o pensamento dos seus colegas do Ministério. Aqueles oficiais foram a Belém onde conferenciaram com Gomes da Costa, propondo-lhe ficar ele na Presidência da República, sem o poder de nomear nem demitir ministros, reconduzir os três ministros demitidos e fazer substituir na pasta das Finanças o comandante Filomeno da Câmara pelo general Sinel de Cordes. O bravo e heróico comandante da «arrancada» de Braga recusou. O general Luís Domingues convocou então para o Quartel-General uma reunião com os comandantes da guarnição de Lisboa, a que assistiram também o general Carmona e o comandante Jaime Afreixo. Nesta reunião foi resolvido depor Gomes da Costa que conduzido pelo general Parreira à cidadela de Cascais daqui embarcou com todas as honras, essas honras, que pouco depois haviam de culminar com a sua elevação ao Marechalato para Angra do Heroísmo onde previamente lhe fora fixada residência. E às 3 horas da tarde daquele dia 9 de Julho de 1926, o general Carmona constituía o novo Governo que ficava assim composto: Presidência e Guerra, general Fragoso Carmona; Interior, dr. Ribeiro Castanho; Justiça, dr. Manuel Rodrigues Júnior; Finanças, general Sinel de Cordes; Estrangeiros, dr. Bettencourt Rodrigues; Marinha, comandante Jaime Afreixo; Colónias, comandante João Belo; Instrução, general Teixeira Botelho; Comercio, Coronel Passos e Sousa; Agricultura, general Alves Pedrosa. A Revolução Nacional tentava, enfim, entrar no caminho certo da estabilidade governativa que até então não gozara, essa estabilidade que o País deixara, de resto, de conhecer com o advento da Monarquia Liberal. Chegaria dentro de pouco Salazar!
(Parte LXVI de…) FIM!
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (66)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – A demissão do Comandante Cabeçadas) Consultar todos os textos »»
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