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Os problemas que correm por aquela pasta são difíceis e a sua solução morosa. Enganam-se os que pensam o contrário. Na mesma tarde da posse o Diário de Lisboa ouve o novo ministro das Finanças com quem o jornalista trava o seguinte diálogo:
- «Quais são as medidas que V. Ex.ª vai pôr em prática? - «Não trago programa. Fui mobilizado. Recebi guia de marcha para me apresentar no Ministério das Finanças e cá estou. - «V. Ex.ª deve ter os seus pontos de vista...» - «Não tenho ideias à priori sobre aquilo que vou fazer. Só depois de colher os elementos de que necessito é que posso satisfazer a sua curiosidade.» - «Curiosidade que não é nossa; é de seis milhões de pessoas que aguardam a solução do problema nacional.» Com um sorriso amável:
- «Eu sei... Os srs. são jornalistas temíveis...»
Arriscámos ainda uma pergunta:
- «O que pensa sobre a questão dos Tabacos?» - «Por enquanto não posso dizer-lhe.» E a todas as perguntas que lhe fazemos o sr. ministro das Finanças respondeu que ainda era cedo para falar. A guarnição do Porto que não recebeu bem a nomeação do general Roberto Baptista, filiado no partido de Álvaro de Castro, para seu comandante, pretende fazer imposições. É pelo menos o que é lícito concluir de afirmações feitas por oficiais daquela cidade à Imprensa. No Porto há uma certa excitação contra o comandante Mendes Cabeçadas o que determina a vinda a Lisboa, como delegado do comandante da Divisão, do major Sena Lopes.
(Parte LXI de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (61)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – Salazar no Governo – a sua primeira entrevista) Consultar todos os textos »»
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