|
..:. TEXTOS
Neste dia, no meio da confusão dos boatos, começa a correr o de que Gomes da Costa seria o futuro Presidente da República, nomeado pelo Governo, e interino até se realizarem as eleições, enquanto Mendes Cabeçadas ficaria como Chefe do Governo, ideia que desagrada à maioria do Exército e parece ser nova manobra dos políticos. O Chefe da Revolução continua a dar entrevistas aos jornais. Também os novos ministros vão concedendo entrevistas e dando contas dos seus projectos de governo, através a Imprensa. No dia 9 é publicado o decreto que dissolve o Parlamento e as respectivas comissões parlamentares que dá nova machadada na política partidária. São desta data também as nomeações dos novos governadores civis da Guarda, Castelo Branco e Santarém. O de Lisboa, tenente-coronel João Luís de Mora, fora nomeado no dia 3. Ainda neste dia os jornais informam que os directórios dos vários partidos políticos voltaram já às suas costumadas reuniões. O do P.R.P. saúda Bernardino Machado pela sua nobre conduta e aconselha os seus correligionários a aguardar serenamente a obra do Poder. Também os Directórios do Partido Nacionalista e da Esquerda Democrática reúnem, bem como a Comissão Municipal do Partido Radical que protesta contra o procedimento havido com o comandante Procópio de Freitas. À tarde volta a reunir-se o Conselho de Ministros, no Ministério das Colónias. Um jornal da tarde publica o programa de Governo do dr. José Dias Ferreira - o «homem do Baú». O Gabinete compor-se-ia apenas de seis Ministérios: - Governação Geral; Relações Internacionais, Economia Nacional, Segurança Pública, Finanças Públicas e Relações Coloniais. O mesmo sr. tinha também já redigidos e prontos a seguirem para o Diário do Governo nada menos que 48 decretos sobre os mais variados assuntos da política e da Administração. Ao que parece estes decretos estavam preparados de acordo com o «Comité» Revolucionário de Lisboa a que presidia o comandante Cabeçadas e destinavam-se a ser postos em vigor logo o Governo revolucionário se instalasse. Ao mesmo tempo Gomes da Costa ia nomeando os novos altos comandos militares. Depois da nomeação do general Bernardo de Faria para comandante da 1.ª Divisão (Lisboa) ia para a 3.ª Divisão (Porto) o general Roberto Baptista e para a 8.ª (Braga) o general Ricardo Júlio Ferraz. Para alguns regimentos de Lisboa também são nomeados novos comandantes da confiança do ministro da Guerra.
(Parte LVIII de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (58)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – Na balburdia das conferências e entrevistas) Consultar todos os textos »»
|