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- Mãe, sabe? Querem que eu vá para Lisboa, para ministro das Finanças. Mas custa-me tanto deixá-la assim. Não sei o que faça. D. Maria do Resgate olhou o filho com carinho. Fez-se em volta um silêncio de emoção. Depois, com decisão com energia a mãe respondeu: - Aceita. Não te preocupes comigo. Se cá vieram é porque precisam de ti. Tens que aceitar. Vai meu filho...). Vou dizer isto mesmo ao Chefe do Governo.» «- Mas…» «- Bem vê. Entrar para o Governo e ter de abandoná-lo por impossibilidade física, não está bem. A minha saída ao fim de algum tempo de assistência à obra nacional de renovação poderia ser mal interpretada. Durante a reunião na Amadora o Doutor Salazar declina o convite que lhe fora feito para sobraçar a pasta das Finanças; alega o seu precário estado de saúde e a opinião do seu médico assistente, Doutor Bissaia Barreto. O general Gomes da Costa insiste repetidamente com o Doutor Salazar, sem conseguir, porém, demovê-lo da sua recusa. E o comandante Cabeçadas, apesar de ter sido, segundo nos declarou, ele, quem convidou o Doutor Salazar (Na entrevista que nos concedeu e está publicada em «Os que arrancaram em 28 de Maio». Quando fui para a entrevista com Gomes da Costa, (em Coimbra), esperava-me na estação o major de Artilharia Pedro de Almeida que todo o caminho até ao Quartel General não me falou noutra coisa senão no grande valor dos srs. Drs. Oliveira Salazar e Manuel Rodrigues, o primeiro como um grande financeiro e o segundo como um jurista eminente. Ouvi em silêncio aquelas apreciações e quando cheguei a Lisboa, depois da conferência, com Gomes da Costa enviei um telegrama ao então sr. coronel Schiappa de Azevedo que comandava a Divisão pedindo-lhe para em meu nome convidar aqueles dois professores e mais o Dr. Mendes dos Remédios, para Ministros das Finanças, da Justiça e da Instrução. Quando na Amadora ficou assente o primeiro Governo Revolucionário inclui na lista os nomes dos três lentes), comenta:
- «Não há o direito de insistir com ele. Está, de facto, doente.» O comandante Jaime Afreixo também não quer aceitar a pasta da Marinha por discordar da inclusão no Governo do eng. Ezequiel de Campos. Pela mesma ocasião, também o coronel Raul Esteves pediu a demissão, atitude que acabou por abandonar a pedido de Gomes da Costa. Por fim o nome do eng. Ezequiel de Campos é posto de parte e o comandante Jaime Afreixo aceita a pasta da Marinha. O grande escândalo do dia será a publicação dum suplemento ao Diário do Governo n.º 119, da 1.ª Série, onde é publicada a Lei 1872, que diz textualmente assim: «Em nome da Nação, o Congresso da República decreta e eu promulgo a Lei seguinte:
(Parte LVI de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (56)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – A opinião de Sinel de Cordes) Consultar todos os textos »»
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