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- «No fim do discurso Mendes Cabeçadas e Armando Ochoa saíram juntos, a testa baixa, separando-se do general. Fizeram em carros diferentes o trajecto do Quartel-General à estação velha - o general sempre só, os dois sempre juntos. Na estação continuaram isolados do general conversando com o grupo dos oficiais políticos. Já no rápido tomaram compartimentos diferentes. O general convidou Cabeçadas a acompanhá-lo. O comandante veio e no longo trajecto, Coimbra-Entroncamento, trocou só três ou quatro palavras com o nosso Chefe, simulando dormir. Para um triunvirato que acabava de formar-se e que tão complexa missão tinha a cumprir - é silêncio demais! O comandante meditava o decreto que iria sancionar as notícias dos jornais... - De modo que o desacordo? - arrisca o jornalista. - É completo, total. Desacordo de princípios e de factos. Saltaremos por cima de tudo para salvar a Revolução. O general Gomes da Costa que prometera voltar, surge de novo - muito sorridente. Surge a tempo de ouvir aquela frase final. - É assim. Só temos um caminho a seguir. A marcha sobre Lisboa, a das muitas e desvairadas gentes, como ontem lhe disse. Já não falta muito! A concentração prossegue activamente. - As tropas do Sul? - Devem chegar hoje a Vendas Novas - se é que ainda lá não estão. - Quem as comanda? - O general Fragoso Carmona. - A marcha sobre Lisboa quando se efectua? - Logo que a concentração esteja efectivada. O tenente-coronel Raul Esteves a auxiliar-nos... Amanhã ou depois, sábado o mais tardar, Lisboa terá à sua roda em cerco 15 a 20.000 homens - homens de todas as regiões de Portugal. - Depois? - A entrada em Lisboa, a Província limpa e trabalhadora, punindo os políticos e castigando os ladrões dos dinheiros públicos!
(Parte LII de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (52)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – O primeiro encontro entre Gomes da Costa e Cabeçadas) Consultar todos os textos »»
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