|
..:. TEXTOS
«A falta de energia de Cabeçadas amolenta-o, fá-lo presa de todas as sugestões, ainda as mais perigosas. O Ministério da Guerra, durante a Revolução, esteve pejado de oficiais políticos - Sá Cardoso, Álvaro de Castro, Pereira Bastos, Carlos Vilhena, o «Manuel Dentista»... O comandante Procópio de Freitas foi autorizado a sentar-se num Ministério de onde o tirou o protesto de 110 oficiais de marinha, com o valoroso comandante Jaime Afreixo à frente. Nessa mesma noite Procópio de Freitas quis tentar uma sublevação de marujos no Arsenal. Cabeçadas peado e sem coragem, não agia. No entanto, os esquerdistas, sob as suas vistas complacentes, tramavam. Fazia-se a junção da extrema esquerda, a C.G.T. proclamava a greve geral revolucionária, o Sul e Sueste paralisava os serviços ferroviários. O comandante para não ferir os princípios republicanos, consentia, permitia tudo. Como o ardil não surte efeito, recorre-se à força. Tenta-se opôr às tropas do Norte as tropas do Sul e do Centro do País. Manda-se avançar o II de Setúbal, o 4 de Faro, o 33 de Lagos, que os políticos recebem triunfalmente em Lisboa. Esses regimentos, compreendendo que foram logrados, voltam a juntar-se à sua Divisão e a obedecer ao general Gomes da Costa. «Os inimigos da Ordem não desarmam. Procuram exercer pressão sobre a Divisão de Évora, mandando-a concentrar em Vendas Novas. A Divisão não obedece. Delegados sucessivos entram a cada hora no gabinete do comandante. - Veja o que vai fazer! A sua orientação é perigosa para a República e antipática ao espírito do povo! Lembre-se dos espectros de Pimenta de Castro e Sidónio Pais! «E Cabeçadas consente tudo. «Anteontern à noite, o general é procurado no Porto por três delegados da guarnição de Coimbra - três oficiais-políticos. «Esses oficiais - o pormenor é grave - tinham projectado, anteriormente, um movimento que desse a chefia do Exército ao António Maria da Silva. Falam da República em perigo – e pedem ao general, em nome da guarnição do Coimbra, que vá àquela cidade avistar-se com Cabeçadas. Como estas representações se arranjam sabemos nós todos. O general acede. Mas põe como condição: a entrevista de Coimbra seria só com o comandante Cabeçadas - só com ele. Nesse mesmo dia, pela madrugada, aparece no Quartel-General da 3.ª Divisão o comandante Ochôa. O general já aborrecido responde: a única força organizada é a minha. Só há uma solução, em vez de eu ir a Coimbra que venha o comandante ao Porto, deixando de comprometer o seu nome e desvirtuar, embora involuntariamente, o Movimento.» Pinto Correia continua:
(Parte L de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (50)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – O primeiro encontro entre Gomes da Costa e Cabeçadas) Consultar todos os textos »»
|