|
..:. TEXTOS
«E nesse sentido, visto que o Parlamento ia encerrar as suas portas, convocá-lo-ia a fim de pedir-lhe os meios de que carecesse para governar. Assim elaboraria depois uma lei eleitoral que satisfizesse o País, efectuando as eleições em Outubro e entrando em Dezembro na normalidade. «O ilustre democrata concordou comigo e aceitou o encargo de constituir o novo Governo. Fiquei satisfeito com a minha consciência de republicano. Tinha escolhido bem, contribuindo para o prestígio do Regime. Mendes Cabeçadas merece a confiança de todos os republicanos, pelo seu amor à República, pela sua ponderação, pela sua honestidade. «Mas surgiram, como sempre, os mais impacientes. Começaram a manifestar-se divergências, que poderiam ser funestas. E eu julguei-me no dever de conjurá-las. Como? Dando ao sr. Mendes Cabeçadas toda a força constitucional de que carecesse para levar a bom termo a sua missão, que era abertamente construtiva a antepor à outra, porventura destrutiva. Em conformidade com a letra da Constituição, entreguei-lhe o poder executivo em toda a sua plenitude. Para esse efeito renunciei. Assim, ninguém diria que era o presidente da República a reprimi-lo e moderá-lo. Antes pelo contrário. E o dr. Bernardino acrescenta a terminar:
«Confio no patriotismo e na fé profundamente republicana de Mendes Cabeçadas, figura prestigiosa do 5 de Outubro.» Como se vê por esta entrevista que nunca foi desmentida, o comandante Mendes Cabeçadas parece ter estado disposto, contra todos os programas conspiratórios e revolucionários, a aceitar a solução constitucional do sr. dr. Bernardino Machado. Pelo menos assim o afirmou, sem desmentido, repetimos, o Presidente da República, mais uma vez, destituído.
(Parte XLVI de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (46)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – Resolve-se a reunião de Coimbra – As razões de Bernardino Machado) Consultar todos os textos »»
|