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Na capital a guarnição continuava por aderir. O Governo, completamente desorientado, ainda conseguiu organizar uma coluna sob o comando do comandante Freitas Ribeiro que, de resto, não passou da Amieira. Ao começo da noite do dia 30 reunia-se no Palácio de Belém, sob a presidência de Bernardino Machado, e depois de uma visita feita por António Maria da Silva ao Campo Entrincheirado, o Conselho de Ministro, sendo pelas II horas enviada aos jornais a seguinte nota oficiosa:
«O Chefe do Governo, em conformidade com a deliberação unânime do Conselho de Ministro, apresentou o seu pedido de exoneração ao sr. Presidente da República, que procederá hoje mesmo às diligências necessárias para a constituição de um Governo Nacional. «O Ministério ficou encarregado de tomar todas as medidas necessárias à Segurança pública.» Bernardino Machado recebera os comandantes das unidades da guarnição de Lisboa que lhe haviam ponderado a gravidade da situação com a chegada iminente de forças revolucionárias. Nesta altura já se haviam manifestado a favor da adesão à Revolução, Infantaria I, Artilharia 3 e a Bateria de Queluz. Foi então que o presidente da República mandou soltar Mendes Cabeçadas, convocando-o para Belém, a fim de lhe entregar o Governo. Ao mesmo tempo por todo o País era, profusamente espalhada a última proclamação do general Gomes da Costa:
«Portugueses! A Nação quer um Governo Nacional Militar rodeado das melhores competências para instituir na administração do Estado a disciplina e a honradez que de há muito perdeu. Empenho a minha honra de soldado na realização de tão nobre e justo propósito. Não quer a Nação uma ditadura de políticos irresponsáveis como tem tido até agora. Quer um Governo forte que tenha por missão salvar a Pátria, que concentre em si todos os poderes, para, na hora própria, os restituir a uma verdadeira representação nacional, ciosa de todas as liberdades, representação que não será de quadrilhas políticas, mas dos interesses reais vivos e permanentes de Portugal. Entre todos os corpos da Nação em ruina é o Exército o único com autoridade moral e força material para consubstanciar em si a unidade duma Pátria que não quer morrer.
(Parte XXXVI de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (36)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – A desorientação do Governo que por fim se demite) Consultar todos os textos »»
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