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Foi então que tomei a resolução de ir falar ao comandante, um capitão-de-mar-e-guerra, cujo nome não recordo e que recebendo-me atenciosamente, aliás, sempre me foi dizendo que não cedia o avião, porque o Centro de Aviação Marítima se mantinha neutral. Mas, para ficar de bem com Deus e com o Diabo, à despedida não se esqueceu de me pedir que apresentasse os seus cumprimentos aos chefes revolucionários, por cujo triunfo fazia ardentes votos... Por fim, por intermédio do Pompeu das Neves, o intemerato e audacioso conspirador monárquico, tesoureiro das Juventudes Monárquicas de Lisboa, arranjou-se um automóvel que levou o tenente-coronel Raul Esteves e o alferes Carvalho Nunes a Elvas.»
Damos agora, a palavra ao saudoso marechal Carmona, que nos contou assim a sua intervenção na arrancada de 28 de Maio: «No dia 28 de Maio a vida em Elvas decorreu tranquilamente, ignorando-se por completo o que se passava no Norte do País. Foi nessa noite que, em virtude de serviço a desempenhar como membro do júri de exames para generais, me dispus a embarcar para Lisboa, no comboio de Badajoz. Vim para a estação com o meu ajudante e grande foi o meu espanto quando este me declarou que o chefe da estação se recusava a dar-nos os bilhetes para podermos embarcar com a única explicação de que não satisfazia requisições militares. Insisti e o homem usando dum expediente que logo compreendi, respondeu-me simplesmente que ia telefonar para Lisboa, pedindo indicações sobre o que devia fazer, visto estar uma revolução na rua. É claro que compreendi ser sua intenção ganhar tempo, para o comboio passar sem ele ter falado com Lisboa e, portanto, eu não poder embarcar por falta de bilhetes, o que, de facto, aconteceu. «Como não pude seguir viagem, regressei a Elvas.» E o falecido Presidente da República continuou:
(Parte XXXII de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (32)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – A adesão do Sul e a acção de Carmona) Consultar todos os textos »»
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