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E chega a altura de referirmos o que, ao mesmo tempo, se passava em Lisboa. Independentemente da organização de Sinel de Cordes e portanto da de Gomes da Costa e dos seus tenentes, formara-se um «Comité Revolucionário» composto pelos comandantes Mendes Cabeçadas e Armando Ochôa, major Manuel Valente, capitão Jaime Baptista e tenente Carlos Vilhena, que logo fazia distribuir a seguinte proclamação:
«Pela Pátria e pela República portuguesa - Soou, enfim, a regeneração da pátria. Um movimento dominador inspirado na defesa dos mais sagrados interesses, em que cooperam povo, Exército e Marinha, alastra pelo país inteiro. Sem preocupações de castas, de partidos ou de personalismos visa essencialmente a criar um Exército forte e disciplinado e a robustecer o próprio poder civil pela selecção das competências, tornando possível dentro das instituições vigentes a satisfação das mais instantes reivindicações nacionais. «Homens de todas as opiniões e de todos os credos aparecem irmanados na luta contra uma política ruinosa e imoral que tem afrontado todos os sentimentos de justiça e desvirtuado os nobres princípios que se consubstanciam na ideia da República. «Quinze anos de criminoso desleixo, de cega imprevidência, de baixa disputa de interesses pessoais, provocaram a corrupção dos caracteres e das inteligências e a dissolução dos costumes ofuscando a recordação das brilhantes tradições que firmaram perante o Mundo civilizado a glória do Povo Português. «Alguns factos bastam com o seu eloquente significado, para revelar o estado de profunda decadência a que chegámos e os perigos que ameaçam as condições vitais internas e externas do País. «Um Governo de medíocres sem capacidade para tomar as medidas de salvação que as circunstâncias impõem, e sem energia ou autoridade para coibir os desmandos dum partidarismo desregrado. «Um Poder judicial enfraquecido e desprestigiado sem condições para assegurar a independência dos magistrados e sem normas eficazes para reprimir as violações da Constituição ou punir as ofensas contra a vida ou propriedade dos cidadãos. «Um Chefe de Estado reduzido à posição humilhante dum simples ofício de chancela, sem acção e sem responsabilidade, tendo de assistir impassível a todos os atropelos à 1ei e a todas as violências do Poder.
(Parte XXVI de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (26)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – Lisboa agita-se… - Uma proclamação-legenda certa da vida nacional) Consultar todos os textos »»
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