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Sob um ponto de vista nacional, não são só as despesas públicas que se torna necessário reduzir, mas as despesas privadas, e pouco importaria mesmo retirar despesas ao Estado para as pôr em quantitativo igual a cargo dos particulares: a economia nacional pagá-las-ia igualmente. A redução das despesas, dum modo geral, é necessária ao incremento da produção e reconstituição dos capitais nacionais, mas se ao Estado ela se impõe como um dever, não se pode impor aos particulares, da mesma forma, nem convém confiá-la ao simples patriotismo, se melhor com ela pudermos casar o seu verdadeiro interesse. Tudo o que entre nós tem contribuído para a queda sucessiva do escudo se pode considerar em grande parte responsável pela desordem das economias privadas, alimentando consumos inúteis e capitalizações inferiores, quando não inteiramente estranhas à economia nacional. Perdem-se para esta as somas colocadas no estrangeiro fugidas a uma maior depreciação, como aquelas que, guardadas por particulares, se lhes vão esboroando e desaparecendo das mãos, pela diminuição do seu valor. Perdem-se as que o Estado absorve para gastos improdutivos e as que os particulares, para não perderem tudo, aplicam seja no que for. Ainda uma vez: é inútil dizer que o patriotismo aconselha economia. Mais seguro é poder-se afirmar que há interesse em reduzir as despesas privadas para se empregar o excedente em novas produções.
O Problema Financeiro (01)
(«Redução das despesas públicas» — Tese apresentada ao Congresso das Associações Comerciais e Industriais Portuguesas reunido em Lisboa em Novembro) - 1923 Consultar todos os textos »»
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