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«- Bom! Todos os pormenores já estão resolvidos. Não falta nenhum. Ou antes, há uma coisa que preocupa todos os presentes, que aflora a todos os lábios e de que ninguém, até agora, ousou falar. É Gomes da Costa que levanta a questão: «- É verdade!... E o general da Divisão, o Peres... Ele ainda está a comandar a 8.ª? «-Sim senhor, ainda… «- E ele sabe do que passa? Faz-se um silêncio constrangido na sala. Por fim, um oficial responde: «- Sim... deve supor... Há todos os motivos para isso... Embora, é verdade, não tenha a certeza de que o Movimento rebenta amanhã. «O general, porém, não está satisfeito. A testa franzida, mordendo o lábio, todo concentrado agora na ideia daquele comandante de Divisão que dali a poucas horas há-de sentir-se exautorado com a revolta de todas as suas tropas. - Gomes da Costa lentamente, como a falar consigo, vai dizendo, repisando: «- Oh! diabos!... Isso assim não está certo. Eu sou amigo dele. Fomos companheiros no Colégio Militar, fomos companheiros em França, temos andado mais ou menos juntos pela vida fora - e ele é bom camarada. É bom oficial e uma excelente criatura. Não queria agora que ele se ofendesse comigo... Era uma maçada!... Sim, porque isto de estar a comandar uma Divisão e aparecer um general de fora, estranho, e sem avisar, à má cara, sublevar e arrancar-nos os regimentos da mão, não é das coisas mais agradáveis... É, para dar sorte. Eu não queria fazer uma partida dessas ao Peres, que, coitado, é bom homem! «No silêncio contrafeito do «comité» as palavras de Gomes da Costa caem e alastram como uma nódoa de azeite. O mutismo continua, denunciando a hesitação em que todos se encontram. Mas o general volta à carga:
(Parte XV de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (15)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – O primeiro contacto com Braga – o berço da Revolução) Consultar todos os textos »»
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