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«À volta todos concordam. João de Carvalho declara que é preciso embargar a passagem, dê por onde der, ao comandante da 3.ª Divisão. Propõe que se tomem as barreiras para que ele se não escape. O general sanciona o alvitre. E logo ali se escolhem e se fixam os nomes dos oficiais que seguirão, imediatamente, com algumas patrulhas a vedar as portas da cidade. «Mendes Norton quer então saber quais as disposições de Gomes da Costa. Este resume os resultados da conferência do Colégio da Boa Vista e acrescenta com decisão: «- A minha ideia é marchar amanhã, o mais depressa possível sobre o Porto. Caímos sobre ele. Ou adere, ou tem de render-se à força! Não é essa a opinião dos senhores? «Um coro unânime sai de todos os oficiais, vibrantes de entusiasmo e sôfregos de combate: «- Absolutamente, meu general! «Urge nesse caso que alguém vá a Santo Tirso. É lá que se encontra aquartelada a companhia de Caminhos de Ferro. Comanda-a o capitão Bacelar que é o mais antigo, ardente e tenaz dos conspiradores em todo o Norte do País. «Tomás Fragoso, já então presente à reunião, oferece-se num rompante de amigo: «- Vou eu próprio avisar o Bacelar. Arranjo uma camioneta e daqui a nada trago-o a ele e a toda a companhia. Isso é que vai ser um alegrão que ele vai ter quando eu lhe disser que já cá temos o nosso general! «Começa a distribuição de serviços. Fica assente que o capitão Fragoso irá a Santo Tirso. «- Quem segue para Viana? É o Flores? «- Eu e o tenente Alberto Branco! «- Isso mesmo. Eram os que estavam indicados. Já têm o automóvel preparado? «- Já. Vamos a Viana, passamos em Barcelos e depois iremos à Póvoa. «- Bom. E quem toma conta da «gare»? É o tenente Nicolau da Fonseca, não é, ó Gonçalves Dias? «- Sim, senhor. Já está prevenido e já tem o pelotão escalado. «- Para os Correios é você, Daniel Braga? «- Justamente! «O general e eu ouvimos deslumbrados. São tão diferentes, estes homens, daqueles com quem vivemos, durante anos, indecisos, viscosos, escorregadios como alforrecas. Diante destes não há um reparo a lazer. Todas as suas palavras inspiram confiança. E vê-se que toda a máquina já está montada, pronta a entrar em movimento. «Aborda-se agora um dos aspectos da revolução. Braga encontra-se cheia de peregrinos vindos de todos os recantos do País. Há milhares de forasteiros, centenas de padres, os bispos todos e o próprio Núncio. Os hotéis e casas particulares regorgitam de gente. Procissões solenes - formam todo um programa de cerimónias e de festas que começou a ter execução naquele dia e que se alongará por aí fora até segunda ou terça-feira. É o Congresso Mariano, celebrado desta vez com uma pompa sumptuosa e uma afluência nunca vista. Prejudicá-lo seria odioso. E não irá o Movimento produzir o pânico e a debandada naquela multidão pacata e fervorosa que se acumula na cidade dos arcebispos? «O general afirma os seus propósitos de não suspender nem alterar as manifestações projectadas para os dias seguintes. E quer que se faça constar ao Arcebispo da diocese que o Congresso nada sofrerá com a revolução. Ninguém lhe porá embargos. A ordem será mantida com todo o rigor. «Os oficiais indicam o capitão Frazão para o desempenho dessa embaixada que deve ser grata ao seu espírito de católico praticante. Ele aceita. Falará ao Arcebispo D. Manuel Vieira de Matos, e falará ao próprio Monsenhor Nicotra. Há-de pedir-lhes que tranquilizem os fiéis e lhes assegurem que as suas crenças e as suas festas serão respeitadas a todo o transe. (*)
(*) A propósito deste aspecto da «Arrancada» de Braga: a sua coincidência com a realização do Congresso Mariano escreveu o Santo padre Dr. Francisco Cruz um enternecedor antigo que foi publicado na «Voz da Verdade» de 4 de Julho de 1948 e que, por pouco conhecido, aqui queremos arquivar. - É assim redigido:
(Parte XIII de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (13)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – O primeiro contacto com Braga – o berço da Revolução) Consultar todos os textos »»
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