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Parece-nos preferível a qualquer outra descrição do que foi a viagem de Gomes da Costa até ao Porto, e o acolhimento dispensado na Cidade Invicta ao Chefe da Revolução, recolher aqui a já feita por Charters de Azevedo. Pouco depois de iniciada a viagem, Gomes da Costa, perguntou-me: - Então nós sempre embarcamos em Paialvo? Limitei-me a responder-lhe: - Talvez meu general. As circunstâncias é que hão-de determinar a forma de nós chegarmos ao porto. Nas Caldas da Rainha fomos multados pela Polícia das Estradas. Resolvemos o assunto sem que os guardas nos descobrissem. Tomámos o rumo de Alcobaça e fomos jantar ao «Galinha». Daqui seguimos para Coimbra onde sem nenhum resguardo tomámos café. Depois foi o caminho do Porto, onde nos dirigimos a casa do nosso amigo Camilo de Macedo. Aqui tomámos, no dia 27, o pequeno almoço, e às 11 horas reunimos no Colégio da Boa Vista, onde éramos aguardados pela maioria dos oficiais da guarnição com o tenente-coronel Valente à frente (o tenente-coronel Valente era o Chefe do Estado Maior da Divisão, para quem Gomes da Costa, a conselho de Sinel de Cordes, levava uma carta de Filomeno da Câmara). Gomes da Costa expôs-lhe o que desejava: sair com a Revolução na capital do Norte. O tenente-coronel Valente respondeu-lhe que os oficiais da guarnição não queriam iniciar o movimento mas, no caso de ele eclodir chefiado por Gomes da Costa, não o hostilizariam. Foi então que o general, virando-se para nós – Pinto Correia, Pereira de Carvalho e eu – exclamou: - Vocês três e eu quatro. Onde aí mais um cabo e quatro soldados para se rebentar com isto (a frase do general foi até mais contundente…)? Somos mais do que suficientes… Em seguida, Pereira de Carvalho perfilou-se e declarou solenemente: - Meu general, dou a minha palavra de honra de que a guarnição de Braga está pronta a obedecer a V. Ex.ª, incondicionalmente, e a iniciar o Movimento! Secamente Gomes da Costa respondeu: - Está bem, então vamos embora. E voltando costas à selecta assistência saiu seguido por nós. Dentro de pouco partíamos para Braga, onde chegámos à noite.
(Parte X de…)
A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (10)
(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – “A viagem desde Lisboa e a atitude da Cidade Invicta”) Consultar todos os textos »»
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