21 de novembro de 2024   
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Arnedo veio imediatamente a Lisboa ponderar ao general Gomes da Costa, efectivamente já disposto e preparado para seguir a caminho de Setúbal, a dificuldade de, nestas condições, se fazer o quer que fosse, no que o General concordou, sofrendo a Revolução novo adiamento.
Ainda, porém, desta vez se não pôs de parte o projecto de se fazer eclodir a «arrancada» na cidade do Sado, visto só aqui haver quem estivesse disposto a levá-la a cabo.
Eis senão quando, a saída do major Holbeche de Freitas, de Vendas Novas, faz com que a E.P.A. se desligue da conspiração. E teve de se cair em novo adiamento para recompor devidamente o plano elaborado. E os trabalhos da conspiração de Setúbal, - chamemos-lhe assim - continuavam com a mesma persistência, o mesmo entusiasmo de sempre, isto enquanto prosseguiam sem qualquer espécie de orientação as várias outras conspirações, algumas das quais eram vagamente «controladas» pelo comandante Mendes Cabeçadas que a certa altura apareceu associado com o dr. José Dias Ferreira, então conhecido pelo «homem do Baú», que muitos diziam estar trabalhando por conta do próprio governo democrático. As desconfianças que este suscitava, acrescidas pelas que o próprio comandante Cabeçadas levantava, dadas as suas conhecidas ligações com os partidos políticos, e principalmente com o sr. Cunha Leal, faziam com que a conspiração não seguisse aquela. linha de orientação e homogeneidade, imprescindível condição para a vitória.
Em certa altura Mendes Cabeçadas e Dias Ferreira apareceram com um novo plano revolucionário tendo por base e fundamento a G.N.R., então constituída pela fina-flor do partido democrático. Foi neste momento que todos os conspiradores chefiados pelos homens do 18 de Abril, inclusivé o general Gomes da Costa, se afastaram por não terem confiança no que se preparava.
E surgiu o desastre de 19 de Julho, a revolta feita sem nenhumas condições de triunfo, que um fito apenas parecia ter: o da conquista do Poder pelo Poder.
Com este novo desastre, toda a preparação séria da Revolução Militar cessou.
Mais tarde os chefes do 18 de Abril, já então em liberdade, por absolvidos pelo julgamento da «Sala do Risco», conceberam um novo e então mirífico plano: propor-se-iam a deputados nas eleições que se realizavam em 8 de Novembro de 1925, a fim de no Parlamento fazerem a propaganda que criasse o ambiente propício à Revolução.
Dos três, apenas Filomeno da Câmara, que se propôs pela sua terra-natal, Ponta Delgada, foi eleito.
Sinel de Cordes e Raul Esteves foram derrotados, o primeiro até por um sargento, candidato do partido democrático.
Ante o fracasso deste espantoso e incrível plano, voltou-se de novo, como era de ver, ao único caminho que oferecia algumas possibilidades de êxito: a conspiração, mas já então sem base em Setúbal, em virtude de terem sido transferidos vários oficiais não só nesta cidade, como em Évora, e ainda por Vendas Novas pedra fundamental para a «arrancada» de Setúbal, já não poder colaborar.


(Parte III de…)

A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (03)

(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 - "Quando Setúbal esteve para soltar o grito da «arrancada» - como aparece pela primeira vez o nome do General Gomes da Costa para comandante da Revolução")

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