7 de dezembro de 2024   
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Diante da Nação, mal desperta do seu torpor, soerguendo-se a custo de doentio pessimismo, premida pelas circunstâncias a defender o seu nome, a sua vida, a sua histórica missão civilizadora, não podem ter interesse para quem governa as mutações de superfície, deixando intacta a causa dos males; só o têm as profundas transformações económicas, sociais e políticas, que novos costumes e novos conceitos de vida social provoquem e garantam. Da altura em que o problema deve ser examinado não se vêem bem — acreditem — as susceptibilidades pessoais, os interesses mesquinhos, as rivalidades, os grupos e os partidos. Só a Nação se distingue e conta na sua vida, nas suas necessidades e no seu desejo de progresso; e daí ter-se ensaiado arrojadamente essa política sem política ou, melhor, esse Governo sem política, que pareceu a muitos uma loucura e foi para todos uma felicidade. Era ao menos uma tese bem nova, digna de ser ensaiada, entre as divisões dos homens e a vida desolada de um país que continuava a ter muito quem o amasse, mas, pela fatalidade dos acontecimentos, pouco quem o servisse.
A bisbilhotice democrática criou o péssimo hábito da devassa política e administrativa, como se a vida do Estado não tivesse de ter o seu recato e o seu pudor, e confundiu-a lamentavelmente com a publicidade necessária para esclarecimento do País e formação da consciência nacional. Se abstrairmos das muitas pequenas coisas a que doentiamente se habituaram os ociosos e os profissionais, nada do que deva ser sabido ou apreciado se esconde aos olhos da Nação. A riqueza dos elementos fornecidos hoje deixa a perder de vista os fornecidos outrora, e a atmosfera de calma em que o público os pode apreciar também não pode comparar-se à poeira levantada pelas apaixonadas discussões políticas. Quantas vezes a eloquência dos oradores pode ofuscar a verdade a ponto de não ser já possível saber qual era e onde estava!
A multiplicidade de estatísticas devidamente actualizadas, os orçamentos, as contas, os relatórios da administração, os pareceres das comissões, os planos governativos levam à Nação o conhecimento exacto não só do que se fez e do que se está fazendo, mas ainda com bastante antecipação do que se projecta fazer. Em poucas épocas como agora se há estabelecido contacto mais directo e íntimo do Estado com o povo, nem a marcha nacional, nas suas grandes linhas, alguma vez interessou mais o País, que toma consciência dos seus destinos e vai sentindo como são satisfeitas as suas legítimas aspirações.
Por outro aspecto ainda poderemos dizer popular este movimento e eu o afirmarei, embora com receio de alguma confusão. A Nação é para nós una e eterna; nela não existem classes privilegiadas, nem classes diminuídas. O povo somos nós todos, mas a igualdade não se opõe e a justiça exige que onde há maiores necessidades aí seja maior a solicitude: não se é justo quando se não é humano.

AUTORIDADE E LIBERDADE A Nação contra os partidos; A União Nacional (11)

(«O espírito da Revolução» — Discurso na visita oficial ao Porto, em 28 de Abril — «Discursos», Vol. I, págs. 316-317 e 321-323) – 1934

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Música de fundo: "PILGRIM'S CHORUS", from "TANNHÄUSER OPERA", Author RICHARD WAGNER
«Salazar - O Obreiro da Pátria» - Marca Nacional (registada) nº 484579
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