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Parece-nos que a ficção constitucional a ficção-soberania do povo, a ficção-maioria parlamentar representando a vontade da nação, estavam – para nós ao menos, sem preocupações políticas – abertamente e insofismavelmente demonstradas. Porque ao lado da enorme maioria que pelo trabalho tratava da vida, as camarilhas políticas também na política tratavam da sua, e é provável, senão mesmo muito certo, que, os interesses dos partidos se distinguiam bem dos superiores interesses do País. Examinando durante anos as promessas dos programas e os actos dos governos, comparando os discursos e os factos, conhecendo os dessous de muitas campanhas pretensamente moralizadoras, empreendidas pelos inimigos das facções a derrubar para outros poderem subir, a Nação afinal podia revoltar-se e não se revoltou; separou-se da crosta política, tornou-se céptica, levando vida à parte, absolutamente insensível aos repetidos protestos de reforma nos processos da governação pública; desdenhou da realeza que o voto lhe conferia, e mediu-os a todos, aos políticos, pela baixa craveira do seu absoluto desprezo.
AUTORIDADE E LIBERDADE A Nação contra os partidos; A União Nacional (01)
(«O Ágio do Ouro», págs. 78-79) - 1916 Consultar todos os textos »»
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