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Não parece que a unidade, aliás real e viva na solidariedade dos interesses e na identidade da missão, seja susceptível de traduzir-se em uniformidade de pensamento acerca de problemas secundários da administração ou de processos de governo ou mesmo de organização do Estado; vêmo-lo claramente na nossa Assembleia Nacional. Tão pouco essa unidade se pode confundir com a simples afirmação de patriotismo, porque na prática sempre haverá necessidade de estabelecer em que se consubstancia ou como se há-de conduzir. Mesmo abstraindo da aflitiva perturbação mental das últimas dezenas de anos, os espíritos são hoje solicitados em tão diversas direcções por escolas políticas, filosóficas, económicas e estéticas que os que intentassem reunir em qualquer país homens uniformemente pensantes acerca dum vasto conjunto de problemas nacionais teriam de resignar-se a agrupamento limitado e negar no seio dele a liberdade de pensar. Obedecem a este esquema e são expressão destas limitações os chamados partidos políticos, mas estes, por definição e exigências da sua vida própria, não representam nem podem servir a unidade nacional senão precisa e precariamente, quando se unem, ou seja quando se negam. Eis as difcu1dades que se nos apresentavam e procurámos vencer. Para tanto temos afastado sempre de nós a ideia partidarista como posição ideológico-política, que deformaria a nossos olhos a Nação e nos inibiria de realizar o seu interesse onde o encontrássemos, como o víssemos e pelas formas possíveis no momento, sem a preocupação absorvente e perturbadora de conservar no sector de origem crédito político, ou seja o voto partidário. Por outro lado, temos entendido que a formação de uma sólida consciência colectiva não comportava nem exigia se fosse além daquelas aspirações ou sentimentos básicos que são a estrutura mental e moral do português, tal como o formaram a história, a educação e a economia, isto é, o meio em que é obrigado a trabalhar.
A Restauração das Grandes Certezas DEUS, A PÁTRIA, A AUTORIDADE, A FAMÍLIA, O TRABALHO (20)
(«Breves considerações sobre a política interna e internacional a propósito da inauguração do Estádio de Braga» — Discurso pronunciado em 28 de Maio — «Discursos», Vol. IV, pág. 466) - 1950 Consultar todos os textos »»
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