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A tese da responsabilidade pode continuar a discutir-se teoricamente, abstractamente; mas aos homens que sentem sobre os ombros o peso da direcção dos povos ensinou-lhes a história, quando não a observação própria, coincidir a decadência com certas manifestações mórbidas das inteligências e das vontades, com a pretensa emancipação do jugo de regras superiores, impostas ao homem e derivadas da sua natureza e dos seus fins. Para elevar, robustecer, engrandecer as nações é preciso alimentar na alma colectiva as grandes certezas e contrapor às tendências de dissolução propósitos fortes, nobres exemplos, costumes morigerados. É impossível, nesta concepção da vida e da sociedade, a indiferença pela formação mental e moral do escritor ou do artista e pelo carácter da sua obra; é impossível valer socialmente tanto o que edifica como o que destrói, o que educa como o que desmoraliza, os criadores de energias cívicas ou morais e os sonhadores nostálgicos do abatimento e da decadência. Costuma dizer-se que a literatura é o espelho das diferentes épocas; mas se tão fielmente as reflecte é que ajuda a criá-las. Neste momento histórico, em que determinados objectivos foram propostos à vontade nacional, não há remédio senão levar às últimas consequências as bases ideológicas sobre as quais se constrói o novo Portugal.
A Restauração das Grandes Certezas DEUS, A PÁTRIA, A AUTORIDADE, A FAMÍLIA, O TRABALHO (19)
(«Prefácio da 4ª edição» — «Discursos», Vol. I, págs. LVI-L VII) - 1948 Consultar todos os textos »»
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