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Se uma ciência puramente utilitária é em certo aspecto a negação da própria ciência, o saber pelo saber, o gosto ou vaidade do conhecimento, encerrado na ebúrnea torre da contemplação de si mesmo, sem ligação ou interesse pela vida dos homens e dos povos, à força de egoísta, também não seria humano. Daqui, para a ciência e para o ensino, o imperativo de um sentido social. Isto porém não é tudo para a vida das sociedades, pois, como para os indivíduos, dos conhecimentos da ciência e das suas leis não é possível deduzir as regras de conduta impostas à consciência. humana. E portanto outro imperativo para o governação – ser essencialmente moral. Dificilmente se me encontraria outro mérito do que haver proclamado estas duas conclusões tão simples e, apesar disso, tão esquecidas e haver-me mantido praticamente fiel às suas determinações, buscando incessantemente a harmonia da autoridade do Estado e do bem dos cidadãos, o ponto de coincidência da fidelidade aos nossos destinos nacionais e da prosperidade de todas as outras nações. ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... É certo haver valores absolutos na vida a que tudo mais se subordina e deve sacrificar, e alguns desses chamam-se dignidade da Nação, a liberdade e independência, a integridade territorial que é a própria razão de ser da família portuguesa; mas não sei que alguma nação as desconheça ou alguma ambição as cobice, nem que construção se haveria de fazer sobre o desprezo de realidades tão vivas e consagradas pelo tempo e pelo esforço das gerações. Não; tenhamos confiança! Tenhamos fé na lealdade própria e alheia, na ordem, no trabalho, na serenidade e seriedade com que havemos de encarar os problemas e acudir às dificuldades. Confiemos sobretudo, mais que na força das armas, na coesa e firme unidade nacional, no profundo e vivo amor à terra portuguesa, naqueles altos exemplos, valores da nossa história e ideais da nossa civilização, que o ferro não mata e o fogo não pode destruir!
A Restauração das Grandes Certezas DEUS, A PÁTRIA, A AUTORIDADE, A FAMÍLIA, O TRABALHO (13)
(« Valores espirituais no governo e na vida dos povos» - Discurso pronunciado em 19 de Abril ao receber o grau de doutor honoris causa pela Universidade de Oxford - «Discursos»), Vol. III, págs. 290-291 e 300) - 1941 Consultar todos os textos »»
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