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Como sempre acontece nestas viragens da História, uns, alucinados pela fascinação da novidade e esquecidos da velhice da terra onde muita coisa se experimentou já, negam todo o valor ao presente e ao passado, e querem construir um mundo inteiramente novo, misto incongruente de propósitos generosos, cândida inexperiência e sentimentos regressivos da baixa animalidade humana; outros, enquistados nas posições e ideias adquiridas e nos preconceitos do «seu tempo», vêem em tudo que o futuro traz no seio erro, crime, desgraça, e opõem-se tenazmente a toda a renovação ou reforma, porque as ideias e instituições em que se criaram e viveram têm para eles a beleza e a virtude de verdades eternas. Ora o problema que nos é posto pelas circunstâncias consiste na determinação do ponto de convergência destas duas correntes, e em demandá-lo intencionalmente, salvando do passado as verdades superiores da humanidade, as aquisições definitivas da sua experiência secular, e indo ousadamente escolher às promessas do futuro o que é imposto pela feição e necessidade dos novos tempos e até — porque não? — pelo gosto das suas modas. Dentro de dezenas de anos é natural que os povos tenham de novo encontrado uma fórmula de equilíbrio político e social; a trajectória que até lá vão seguir é que pode ser uma estrada tenebrosa de convulsões e miséria ou o caminho, embora acidentado, da segurança e do trabalho ordeiro. Grande parte desse futuro está nas nossas mãos.
Os Grandes Problemas Nacionais (07)
(«As diferentes forças políticas em face da Revolução Nacional» — Discurso à União Nacional, em 23 de Novembro —«Discursos», Vol I, págs. 163-164) - 1932 Consultar todos os textos »»
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