21 de novembro de 2024   
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MERECE, neste esboço do historial da Legião Portuguesa, uma palavra destacada a parte que se refere aos legionários do mar — ou seja à Brigada Naval cujas actividades, obedecendo, rigorosamente, aos mesmos princípios ideológicos e fundamentais da Legião de terra, se destacou no sentido da nossa secular tradição marítima.
De facto, «logo que se começou a falar da criação da Legião Portuguesa, imediatamente se esboçou, por parte daqueles que amam o mar, o desejo de que se organizasse um núcleo, dentro do qual, de acordo com as suas tendências, melhor pudessem servir o ideal, que os animava.
É que o mar, para quem o sente, tem exigências imperiosas, que se casam com o que de mais profundo existe no «substractum» do carácter português.
Criada a Brigada Naval, rapidamente se inscreveram, nos seus quadros, todos quantos se interessam pelo mar, atraídos para ele por atavismo difícil de contrariar.
Assim, decorrido pouco tempo, sobre a sua criação, já os efectivos da Brigada excediam cerca de mil e quinhentos homens, cabendo uma grande percentagem ao primeiro escalão.
Informada pelo mesmo calor místico da Legião de terra, a Brigada Naval passou a constituir a força mais poderosa e mais directa para a regeneração da nossa mentalidade.
O espírito legionário não é só pelas armas que se confessa, mas, igualmente, na propaganda doutrinária e no vasto campo da acção social.
À Brigada Naval competia, em especial, desde início, reavivar as tradições marítimas do nosso povo, que são, afinal, juntamente com o seu lirismo, a feição predominante do seu carácter.
Os portugueses andavam divorciados do mar, mas a reconciliação não seria difícil de fazer, competindo à Brigada Naval essa delicada missão».
Em obediência a esta determinação, de tão alto sentido nacional, foi entregue à Brigada, por Decreto de Dezembro de 1938, a superior orientação de todos os desportos náuticos.
Submetida a rigorosos treinos, tanto em terra, como no mar, a Brigada Naval, consciente e orgulhosa das suas tarefas, passou a constituir uma importante reserva, pronta a actuar, quando fosse julgado necessário.
A propósito da missão confiada à Brigada Naval — o reatamento da nossa vocação marítima — convém lembrar as inspiradas palavras, pronunciadas pelo grande jornalista Dr. Augusto de Castro, ao proceder-se, com impressionante solenidade, à inauguração da «NAU DE PORTUGAL», em 1940, no decurso da Exposição do Mundo Português:

«—O Mar não foi apenas o elo da nossa aliança com o Infinito, o instrumento magnífico da nossa glória, a nossa fecundidade e o nosso génio.

O Mar foi ainda a nossa independência.

Hoje, que rendemos honras ao Passado, devemos render-lhas a ele — companheiro inseparável da Alma Nacional na longa e maravilhosa jornada de cinco séculos pelas cinco partidas da Terra, condutor, inspirador, vôo e horizonte do nosso esforço, modelador do nosso carácter, desafogo da nossa economia, estrada da nossa Imortalidade, manhã imensa e triunfal do nosso Império, que ele nos deu e que ele guarda.
Sem o Mar, sem a tentação e a extensão de que ele povoou os nossos olhos e alargou o nosso Destino, Portugal, não seria, talvez, hoje, mais do que a anónima memória dum velho Estado agrário e de um pequeno povo abafado numa minúscula cadeia de serras, de contingente e vulnerável integridade geográfico, de precária existência, desprovido de qualquer missão histórica ou sem projecção ocidental.
Foi o Mar que nos abriu, no seu sulco de espuma, as maiores fronteiras da Terra.
Fundou-as, fecundou-as nos flancos das suas ondas: deu-lhes a resistência das tempestades, a maciça muralha da sua ciclópica força; cobriu-as com o seu dorso potente e misterioso; revelou-as e engrandeceu-as.
Mestre de energias, criador de vida e de espaço, o Mar é um símbolo de juventude, porque é um símbolo de «perpétua renovação.»
Foi em obediência a este sentimento de «perpétua renovação» que a juventude legionária, em 1937-38, se lançou, de novo, nos amplos caminhos do mar, formando, com apaixonada devoção, a Brigada Naval.
Camisa verde, como as águas do Oceano; fardamento azul, como o azul dos céus; polainas brancas, como as espumas das praias — a Brigada Naval surgiu como um simbólico traço de ligação entre o Passado e o Futuro, no encaminhamento da juventude no sentido histórico dos destinos de uma Raça, que deles andava transviada.
Tendo a natural e instintiva compreensão da amplitude dos mencionados objectivos, as multidões que assistiram aos desfiles da Legião Portuguesa, tiveram sempre, ao ver passar a Brigada Naval, uma atitude de aberta simpatia, que premiava o esforço e a desenvoltura dos «legionários do mar».
A natureza deste trabalho não permite uma detalhada referência às numerosas e progressivas actividades da Brigada Naval, desde as suas tarefas verdadeiramente marinheiras, até às numerosas afirmações de presença, em exercícios, desfiles e, ainda, na promoção de cerimónias, exaltativas das grandes virtudes do nosso Povo.
Recordaremos, para exemplificar, as homenagens tributadas, em acto solene, ao herói das nossas campanhas de África, Almirante Azevedo Coutinho, Benemérito da Pátria e legionário da Brigada Naval.
Em documentário fotográfico, registam-se alguns dos muitos episódios que balizam, através dos trinta anos decorridos, a vida da Brigada, por cujas fileiras passaram altas individualidades da vida nacional, que, por impossibilidade se não citam.
Destaca-se, todavia, por ser de justiça, a acção constante e valorizadora do Almirante Henrique Tenreiro, que foi, desde o início, a verdadeira alma da Brigada Naval.
Foi e continua a ser, a três dezenas de anos volvidos.
A Brigada tem o seu Destacamento N.° 1 na cidade do Porto, instalado no formoso e histórico monumento nacional do Castelo do Queijo, situado na Foz do Douro, cujos aproveitamento e conservação lhe foram, em boa hora, confiados.
Comanda este Destacamento o 2.° Tenente D. Gonçalo Villas-Boas (Guilhomil) que o transformou, com inexcedível zelo e superior cultura, num autêntico museu de história pátria.
Com o efectivo de um Batalhão e um Terço Destacado na zona de Leixões, a Brigada do Porto cumpre, como a de Lisboa, as obrigações cometidas oficialmente a este departamento legionário nas actividades de marinharia: procede ao registo das embarcações de recreio, passagem das respectivas cartas náuticas e organiza os cursos indispensáveis para a obtenção das mesmas.
Possui em funcionamento, para o efeito, em Leixões, um Posto Náutico, com barcos de vela e de remo, para instrução de marinharia dos seus legionários, cuja actividade construtiva, tem sido, até hoje, apreciável.
Constitui para a Brigada Naval uma verdadeira honra o ter-lhe sido confiada a guarda e a utilização do formoso Castelo do Queijo, construído por Alvará Régio de 6 de Maio de 1643, sob o reinado de D. João IV, a três anos de reconquista da nossa independência.
A Brigada correspondeu a essa dignidade, transformando-o numa lição viva da história.


A Legião Portuguesa (14)

Legião Portuguesa: Expressão da Consciência Moral da Nação!
Trigésimo aniversário da Legião Portuguesa, 1936 – 1966, no quadragésimo ano da Revolução Nacional.
Brigada Naval

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Música de fundo: "PILGRIM'S CHORUS", from "TANNHÄUSER OPERA", Author RICHARD WAGNER
«Salazar - O Obreiro da Pátria» - Marca Nacional (registada) nº 484579
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