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Em 28 de Maio, de 1939, precisamente no limiar do décimo quarto ano da Revolução Nacional, Salazar, com a supervisão do seu talento e a serenidade dos grandes estadistas e pensadores, foi ao encontro das dúvidas formuladas, pronunciando, diante do País, e dirigindo-se, directamente, à Legião Portuguesa, estas iluminadas e sábias palavras, que são, ao mesmo tempo, um compêndio de Bom Senso e uma eloquente profecia:
«Legionários: Pedem-me, para vós, no começo do 14º ano da Revolução Nacional, algumas palavras de estímulo e orientação. E eu hesito em proferi-las, pois não sei que se hajam tornado necessárias: o estímulo, está na vossa fé e plena consciência de cumprir uma alta missão; a orientação, está nas bases morais, sociais e políticas da Revolução em marcha. Quando muito, me sentiria hoje inclinado a rectificar posições. Não faltarão, por ventura, espíritos simples, que vendo alteradas algumas condições externas e mais afastado do País o perigo comunista, suponham estar chegado o fim da vossa missão; mas o comunismo, embora fortemente batido na Península, não morreu e não desarma, e há-de prosseguir na sua luta, à luz do dia ou na sombra das organizações secretas, sempre pronto a reviver e a infiltrar-se, enquanto lho permitam a fraqueza das nações e o desvario dos homens. Outros julgarão, ainda, que, depois do esforço realizado, está já bem merecido o repouso e ambicionariam não digo desertar das fileiras, mas, enfim, ser ao menos licenciados, não digo descrer dos princípios, mas poder não os proclamar como um grito de guerra. São tão difíceis, porém, os tempos, que não só não pode ser permitido a ninguém perturbar, no seu esforço de engrandecimento a parte viva da Nação, como não podemos sequer tomar o compromisso de deixar a muitos gastarem-se esterilmente em devaneios, aconchegados em cómodas posições de desfrute. Há equívoco em tais posições de espírito e o meu primeiro dever é, sem dúvida, desfazê-lo. De nada nos serviria bater e afastar o mais próximo inimigo, se depois nos limitássemos a deixar repor o estado de coisas que pelos seus vícios profundos lhe deu condições de vida. Nós não podemos permitir-nos o luxo de deixar reinar de novo, entre nós, a divisão e a discórdia e de permitir às lutas partidárias o fraccionamento da unidade moral da Nação. Nós não fizemos a Revolução Nacional apenas para dar combate ao comunismo: fizemo-la para dar ao País a consciência do seu valor e da sua missão no mundo; fizemo-la para reforçar a unidade nacional e para elevar o nível material e moral do nosso povo; fizemo-la para defender e aumentar o nosso património de oito séculos de história. Embora as conclusões de passadas experiências não tenham sido favoráveis, poderíamos, ainda assim, tentar conseguir por outros processos as realizações e benefícios materiais que aliás incansavelmente prosseguimos em favor da colectividade; mas, em meu pensar, nada disso será um bem definitivo sem a revolução moral – revolução da nossa mentalidade e dos nossos hábitos – e essa só nós a achámos necessária, a ponto de a empreendermos e dela não podermos desistir. Não duvido do esforço preciso para fazer que passe do pensamento para a consciência, da consciência para a acção, como um hábito, uma forma de compreender e viver a nossa vida nacional; mas só nesse momento seremos outros e estaremos salvos. A Legião tem de considerar-se e continuar a ser a expressão viva dessa consciência moral da Nação; afirmação clara de fé e da doutrina da Revolução Nacional; reserva das maiores dedicações e dos mais altos sacrifícios; aquela chama de virtudes cívicas e de compreensão dos novos tempos, que ilumine toda a casa portuguesa. É para tanto preciso que mantenha alto o seu ideal, forte a sua organização, competentes e disciplinados os seus quadros e forças, resoluto e pronto o seu espírito. É preciso que as novas gerações, as que chegam à vida amparadas e formadas pela «Mocidade Portuguesa», tomem o seu lugar com o espírito fortalecido pelo exemplo que lhes destes; encontrem formados os quadros nacionais da sua actividade e lançado em impulso irresistível o movimento ascensional, que, com tanto sacrifício, começastes. É preciso que exerciteis na devoção legionária o patriotismo e a disposição de tudo sacrificar pelo bem comum; que nos exercícios militares fortaleçais o corpo e tempereis o espírito, segundo o modelo, do português que, sem largar a charrua ou abandonar a oficina, está pronto a tomar as armas; que na obediência aos chefes sejais a prática demonstração do valor da hierarquia e da disciplina, que condicionam a ordem indispensável à existência da Nação. Assim servireis – na guerra ou na paz: na guerra que nos seja imposta para garantir a liberdade da terra que lavramos ou a continuidade da Revolução que iniciámos; na paz que ardentemente desejamos, pois temos necessidade de continuar trabalhando pela elevação e prosperidade material do povo, e porque, acima de tudo, proclamamos a fé num património espiritual, que a violência brutalmente devastaria. Eis o que espera tranquilamente de vós, legionários, a Revolução Nacional.» Com estas sábias palavras, dirigidas aos legionários, Salazar foi ao encontro de todas as dúvidas e esclareceu, magistralmente, as razões, sérias e profundas, que determinavam o prosseguimento das actividades legionárias, sem quebra de entusiasmo e de fé, em todas as terras do continente e das lhas Adjacentes. É que todos os filiados desta patriótica organização sabiam, por cultura ou por instinto, que o comunismo recua, quando é preciso, mas para avançar quando pode. Deixa passar o temporal, como a avestruz dos desertos, para levantar a cabeça e prosseguir a sua marcha, logo que os horizontes se desanuviem e as condições se modifiquem. A táctica foi aconselhada por Lenine e sempre observada e imposta pelos seus sucessores. O facto, portanto, do comunismo ter sofrido em Espanha uma retumbante derrota, que impôs o seu afastamento da Península, não significava, de modo nenhum, uma total e definitiva capitulação dos seus desígnios de expansão e domínio. A máxima do astuto Lenine continuava viva. A Legião, portanto, ao prosseguir, sem desfalecimento, a sua intensiva preparação militar, o aperfeiçoamento da sua orgânica, o alargamento e a valorização dos seus quadros, a multiplicação das suas iniciativas, sabia que o inimigo haveria de voltar, mais tarde ou mais cedo, às suas tentativas de perturbação, adoptando os procedimentos que as circunstâncias, seguidas de perto, lhe aconselhassem. Não deu, pois, por finda a sua missão – até porque esta não consistia, apenas, como pensaram alguns, em barrar as fronteiras, ao lado das outras forças armadas, se aquelas fossem ameaçadas por inimigos externos: competia-lhe também, e principalmente, colaborar na manutenção da ordem interna, sempre que os inimigos do interior, ligados ou não ao comunismo internacional, pretendessem alterá-la. Aceitar que o comunismo, esmagado em Espanha, não tentaria emergir de novo, através dos elementos que, ocultamente, a ele se encontram ligados, seria uma atitude infantil e de consequências certas e graves. Exactamente em Maio de 1939, o escritor João Ameal, referindo-se ao papel e à missão da Legião Portuguesa, fazia, sensata e logicamente, esta pergunta:
«Nascida ao calor do braseiro espanhol, iria morrer quando, nesse braseiro extinto, já as cinzas esfriassem?»
E respondia, a seguir:
«Puro engano, resultante de uma visão imperfeita e incompleta das coisas.»
A Legião Portuguesa (09)
Legião Portuguesa: Expressão da Consciência Moral da Nação! Trigésimo aniversário da Legião Portuguesa, 1936 – 1966, no quadragésimo ano da Revolução Nacional. Nova Palavra de ordem!
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