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Para cada um de nós o patriotismo não pode desprender-se da família, do torrão natal, dos interesses e dos haveres, das recordações de infância, das saudades dos lugares ou das pessoas, dos vivos e dos mortos, das alegrias e tristezas — as pequenas ou grandes coisas que são nossas e constituem para cada qual, dentro da Pátria, o seu pequeno mundo. E tudo isto que nos prende diminui um pouco, na vida quotidiana, essa unidade augusta, esse todo indivisível que é a Pátria. Para o soldado, porém, não há a aldeia, a região, a província, a colónia — há o território nacional; não há a família, os parentes, os amigos, os vizinhos — há a população que vive e trabalha nesse território: só há, numa palavra, a Pátria, em toda a sua extensão material, no conjunto dos seus sentimentos e tradições, em toda a beleza da sua formação histórica e do seu ideal futuro. Ele deve-lhe tudo — a saúde, a comodidade, o descanso, o dia e a noite, a paz, a família, mesmo a vida. E parece que é por esse consumo de vidas que a Pátria se mantém, e aumenta a sua beleza e engrandece o seu poder. Diante do inimigo externo, que representa ameaça para a existência ou para a integridade da Pátria, esta é, para o soldado, material e tangível como um relicário de ouro em que se confiassem à sua guarda a independência, a liberdade, os bens e a vida dos cidadãos. Fora do são nacionalismo, fora da noção e amor da Pátria não há, pois, vida nem força militar: há exércitos de parada ou hordas organizadas para a pilhagem.
Os Grandes Problemas Nacionais (05)
(«Elogio das virtudes militares» — Discurso aos oficiais do Exército, em 30 de Dezembro — «Discursos», Vol. 1, págs. 108-109) - 1930
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