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Eu tenho de pedir humildemente perdão aos discordantes da minha orientação financeira, por as contas da gerência finda em 30 de Junho não se limitarem a confirmar o equilíbrio previsto no orçamento, mas apresentarem um saldo positivo de cerca de 300 000 contos. Apresento como desculpa que o não esperava tão grande e que há um ano era impossível prevê-lo; não só factos acidentais explicam certas maiores valias de receitas, como não podia saber-se então o efeito que nas reduções de despesa se poderia tirar dum conjunto de princípios de administração financeira, rigidamente, imperturbavelmente aplicados desde o primeiro decreto de reforma orçamental. Ser-me-á ainda levado em conta que na melhor suposição a indignada veemência com que vou ser acusado não é inferior àquela com que o seria se as contas apresentassem um deficit em vez de um saldo. Ninguém poderia pensar que este duro trabalho da nossa reconstituição financeira se faria sem repercussões mais ou menos extensas e graves na economia nacional. Tudo o que o Estado gasta de menos e tudo o que aos indivíduos exige a mais, deixa de activar o comércio, de alimentar o trabalho, de irrigar as economias individuais, por consequência, de fomentar a produção. Mas sendo isto incontestável, o que haveria a discutir era apenas se outro caminho nos ficava aberto para nos salvarmos com segurança e com honra. O ponto delicado está apenas em não ir nas exigências além das possibilidades, e acudir agora com as obras de fomento indispensáveis para a activação da vida económica que assegure e consolide o equilíbrio financeiro conquistado. Será nesse plano de reconstituição económica, possível agora, que buscaremos largas compensações a todos os sacrifícios.
A BATALHA DA RESTAURAÇÃO FINANCEIRA DO PAÍS - (07)
(«As contas do Estado na gerência de 1928-1929» — Nota oficiosa de 24 de Agosto, publicada na Imprensa; incluída em «A reorganização financeira», págs. 439 e 468-469) - 1929 Consultar todos os textos »»
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