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(Continuação)
V
Os elementos de que se dispõe sobre o comportamento económico dos investimentos turísticos permitem atribuir-lhes a segurança exigível e não temer demasiado o risco que constitui a incidência de factores psicológicos - a moda turística - na sua estabilidade e permanência. Nem se afigura que aquela incidência envolva, aqui, muito maior risco do que na exploração doutros sectores nem parece que os progressos da técnica tendam a substituir, mais rapidamente, as férias ao sol e junco ao mar do que os produtos clássicos de muitas outras indústrias em fase de fomento. Os investimentos turísticos são efectuados, em cerca de 70 % do seu volume, na indústria hoteleira. Cabe, pois, referir que, além do valioso estímulo resultante das isenções fiscais e outros benefícios indirectos concedidos aos empreendimentos de interesse turístico, a indústria hoteleira beneficiou, desde Maio de 1957 a Outubro de 1963, de financiamentos do Fundo de Turismo e da Caixa Nacional de Crédito no total de 427 000 contos. Deste montante corresponde m 336 000 contos a financiamentos da Caixa, dos quais 119 000 sob a forma de empréstimos realizados a juro da ordem dos 4 %, mediante garantia prestada pelo Fundo de Turismo e 91 000 correspondem a financiamentos feitos pelo próprio Fundo, sendo cerca de três quartos deste volume em empréstimos sem juro e o restante em empréstimos a juro inferior a 2% e em subsídios não reembolsáveis. E naquele montante não se inclui o que o Estado investiu, directamente, durante o mesmo período, em Pousadas e outros estabelecimentos hoteleiros. Sabe-se que o incentivo que os financiamentos aludidos constituem contribuiu para um alargamento do investimento do sector privado na indústria hoteleira o qual, recentemente, se acentua. No plano nacional regista-se, com aprazimento, o crescente interesse que grupos financeiros especialmente idóneos manifestam pelo sector e, no plano da colaboração financeira internacional, abrem-se novas e amplas possibilidades. O surto de fomento turístico requererá, também, o acréscimo dos investimentos a realizar pelo Estado e pelos Municípios nas infra-estruturas de interesse para o turismo que a cada um incumbem. Neste momento um Grupo de trabalho especial funciona no âmbito da Comissão Interministerial de Planeamento e Interação Económica a fim de preparar os elementos do capítulo do turismo para o futuro Plano de Investimentos a iniciar em 1965. O ano de 1964 marcará, assim, a transição entre a fase inicial do nosso esforço turístico e a da sua completa planificação. Para o ano de 1964 a dotação orçamental do Fundo de Turismo sobe de 30 000 para 50 000 contos e é de esperar que subam, em escala superior, os financiamentos da Caixa Nacional de Crédito. Com cudo isto, com as perspectivas optimistas da cooperação externa quer no plano financeiro quer no da assistência técnica, com a melhoria possível de certos instrumentos legais e do apetrechamento dos serviços, com a entrada em funcionamento dos aeroportos das duas principais regiões turísticas (Algarve e Madeira) e, sobretudo, com o crescente interesse dos Portugueses por este sector da vida nacional é de esperar que o ano de 1964 seja, para o turismo português, um ano bom.
(Continua)
Turismo - Política de Turismo (05)
Política de Turismo – Comunicação do subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, Dr. Paulo Rodrigues, ao Conselho Nacional de Turismo, em 7-I-1964. Consultar todos os textos »»
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