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(Continuação)
IV
A evolução das principais correntes turísticas e o ritmo de crescimento, verificado nos últimos três anos, permitem admitir que chegou, efectivamente, a hora do turismo português. Cumpre, agora, fazermos tudo para a não perder. E tudo fazermos com sereno realismo, sem nos deixarmos influenciar demasiado pelo optimismo que progressos recentes legitimam, e sem que nos entorpeça a capacidade de acção certo pessimismo decorrente da comparação do nosso modesto meio milhão de turistas com os muitos milhões doutos países. Antes, tudo nos sirva de estímulo para fazermos mais, melhor e mais depressa. Os elementos especialmente significativos da evolução recente do nosso turismo podem esquematizar-se como segue. A entrada de turistas que, em 1961, fora de 375 450 passou, em 1962, para 409 500 e deve ter sido, em 1963, aproximadamente de 520 000. O número de dormidas de turistas estrangeiros que fora em 1961, de 1 204 370 passou a ser, em 1962, de 1 354 418 aumentando 12,5 %. Não estando ainda apurados os números de 1963 pode contudo avançar-se que o acréscimo do primeiro semestre, em relação a igual período do ano anterior, foi de 39 %. Também a duração média da permanência de turistas que em 1961 fora de 3,2 dias passou, em 1962, para 3,3 crescendo 3,1 e foi, no primeiro semestre de 1963, de 3,8 dias subindo, em relação a igual período do ano anterior de 11,8 %. A receita média por turista que fora, em 1961, de 2370,49 escudos, passou, em 1962, para 3540,86 crescendo 49,4 %. O volume total das receitas turísticas que fora, em 1961, de 890 mil contos passou, em 1962, para 1450 mil contos o que representa um acréscimo de 62,9 %. A escala de prioridades a que a conjuntura faz submeter a capacidade de investimento justifica que nos detenhamos, um pouco, na análise da viabilidade e dos efeitos económicos dos investimentos turísticos. É de registar, primeiro, quanto à balança de pagamentos que as receitas provenientes do turismo aumentaram de cerca de 360 % no último decénio, enquanto cresciam apenas de 110 % as vendas de bens e serviços da metrópole para o estrangeiro. Em 1962, as receitas turísticas, com 1450 mil contos, excederam, pela primeira vez, as receitas da cortiça (1416 mil contos) e das conservas de peixe (1177 mil contos), que eram as maiores da nossa exportação. Considerando, dos investimentos turísticos, apenas os mais volumosos - os do sector hoteleiro - temos de concluir pela sua elevada reprodutividade traduzida, no último decénio, por uma contribuição de 670 contos para o produto nacional por cada 1000 contos investidos. A este benefício directo acresce o efeito estimulante, dos investimentos turísticos, sobre várias actividades económicas, pois a proporção de utilização de materiais adquiridos a empresas nacionais é elevadíssima na construção e no equipamento dos principais empreendimentos turísticos. Apesar do benefício legal da isenção de direitos aduaneiros na importação de certos materiais destinados ao equipamento hoteleiro, sabe-se que a proporção de materiais importados não foi além de 10 a 15 % do investimento total nos casos em que mais se aproveitou a aludida isenção. A isto acresce a influência directa da exploração hoteleira no comércio de géneros e produtos e o benefício que a actividade turística faz incidir sobre outras actividades económicas como os transportes, o artesanato e a própria exportação pelo contacto directo que faculta e entre os possíveis compradores e artigos potencialmente exportáveis mas menos conhecidos.
(Continua)
Turismo - Política de Turismo (04)
Política de Turismo – Comunicação do subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, Dr. Paulo Rodrigues, ao Conselho Nacional de Turismo, em 7-I-1964. Consultar todos os textos »»
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