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(Continuação)
VI
Tão grande risco de molestar-vos, tão pouco tempo de meu, tanto a dizer sobretudo em matéria económica – que sucedeu o inevitável. Ficaram desequilibradas, humildemente o reconheço, as proporções desta conferência. Mal vou assim, passar, ao de leve, sobre o seu último capítulo: a política indígena. Trata-se, no entanto, da contraprova mesma da nossa vocação colonial. Vou encarar, rapidamente, estes seus três aspectos culminantes: o ensino, a defesa sanitária, a protecção económica. Em matéria de ensino, há duas finalidades: ligar a nós o nativo; dar-lhe técnica do seu ofício. As missões, felizmente restituídas ao esplendor da sua evangelização tradicional, vão decerto continuar o trabalho benemerente que foi interrompido e aos poucos se lhes redeu. Obra formidável a sua, sobretudo no Brasil. Os jesuítas aí estão de par com os edificadores civis do Império. O padre Manuel da Nóbrega levou aos ombros a madeira com que se construíram as primeiras casas, do Rio e de S. Paulo. Quem pode reclamar, como ele, o título de fundador de duas entre as grandes capitais do mundo? Dizia Pedro Calmon: Será bom que se pese um dia essa madeira para lha restituir no bronze duma estátua. O Estatuto cuidou com escrúpulo da nacionalização das missões. Cuidou também, se assim posso exprimir-me, da sua desburocratização. O governo paga não a cada missionário, mas a cada missão. Esta poderá organizar-se, dentro da lei, como entender.
(Continua)
Lugar e destino de Portugal: a Nau e a Tormenta (16)
Lugar e destino de Portugal: a Nau e a Tormenta – conferência feita na Sala de Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 9 de Maio de 1942. Na sessão solene de encerramento da «Semana Colonial» - Fernando Emygdio da Silva, prof. da Faculdade de Direito Consultar todos os textos »»
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