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(Continuação)
Lançar os fundamentos da indústria da lã. Povoar de peixes os lagos e os rios. E sobretudo seguir na senda do que já está feito: em estradas, em caminhos-de-ferro, na aviação, em estudos técnicos. Não desprezando o que pareça de somenos: uma pobre erva da nossa África, adaptada na Argentina, tem sido fonte de riqueza. O carvão de Tete, os óleos, as resinas, os adubos, os sacos, as cordas, as lãs, a criação (Sir Henry Johnston aproveitou com êxito as famosas galinhas pintadas da Guiné) são outras tantas parcelas de riqueza a juntar às mais conhecidas também: o açúcar, os frutos, o milho, o algodão. Sobejasse-me o tempo. E ainda continuaria a viagem. Na Índia: a exploração dos coqueiros, o fabrico de tecidos a óleos, as pescarias, os adubos, o manganés, a energia hidroeléctrica – não são outros tantos capítulos do seu progresso económico? Em Macau: não há todo um mundo de direcções novas, para depois da guerra, relativas ao seu empório comercial, como centro distribuidor dos produtos pelo Extremo Oriente? Não poderia a cidade ser um centro também de recrutamento de artífices: artífices das sedas, dos jardins e da construção? Os jardineiros famosos de Macau! Em Timor: além do petróleo – o café, a criação de cavalos, a pesca, a borracha, a palmeira, o sândalo, os óleos, as madeiras – não são, por sua vez, de estimular e acarinhar? Disse… a palavra Timor. É um lugar sagrado, como os outros. Mas nem foi preciso ir tão longe. O que se fez, somado, já deixou ou equilibrar ou melhorar sensivelmente as balanças de comércio. Com privações, na outra lauda, eu sei, à mistura. Virtudes também… O pior foi que, vinda a guerra, não pôde prosseguir-se no mesmo ritmo. Outros trabalhos. Acudir ao mais instante. À desorganização dos preços. À disciplina da produção que deve atender agora, não ao mais remunerador, mas ao mais necessário. À superabundância – e à escassez dos géneros. À falta de sacaria. Ao mar meio fechado. À falta de transportes. À falta de «navicerts». À conquista de mercados novos. Ao mais custoso, porém, se tem feito frente com denodo. As colónias vão alimentando o habitante, escoando produtos, intensificando produções, socorrendo a Metrópole. Como dizia o abade Syeyès: Vamos vivendo. Falta a guilhotina. Mas os reflexos da guerra têm sido coeficiente de envergadura para avolumar a empresa.
(Continua)
Lugar e destino de Portugal: a Nau e a Tormenta (15)
Lugar e destino de Portugal: a Nau e a Tormenta – conferência feita na Sala de Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 9 de Maio de 1942. Na sessão solene de encerramento da «Semana Colonial» - Fernando Emygdio da Silva, prof. da Faculdade de Direito Consultar todos os textos »»
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