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(Continuação)
Há na África do Sul uma criação modelar. Um instituto, onde três economistas reputados, homens novos, dão parecer sobre qualquer pedido de concessão. E onde depois, uma vez dado o parecer favorável, se facilita o empreendimento: avalizando letras, abrindo créditos, emitindo obrigações. Há 7 milhões de libras para esse efeito. Assim nasceu a indústria do ferro em Pretoria, com os seus sete altos fornos. Também na África do Sul há outro instituto de consulta e amparo à lavoura. Proeza recomendável: responde a cada consulta em 48 horas. Com vista ao escândalo nacional de não responder às cartas. Falta falar ainda, no campo económico, de uma das grandes questões de conjunto, a maior de todas: a colonização pelos brancos. A esse respeito avulta todo um paradoxo, matéria em que somos férteis. Temos em África uma das maiores percentagens de brancos existentes nas colónias. Há gente nossa, um pouco por toda a parte. Temos, de resto, tudo para isso: adaptação fácil, experiência, regiões privilegiadas. Algumas até menos conhecidas aqui: a serra do Cando, no Congo; o planalto do Namaache, perto de Lourenço Marques; o de Angonia, em Moçambique também; o de Milange que daria, além do mais, delicioso chá aos colonos. Pois bem. À parte dos núcleos sul-angolanos e do Chimoio, não tem havido grandes empreendimentos de colonização premeditada. Estaremos até a caminho, em Angola, desta situação estranha? Gente a mais, desemprego, dado o alto coeficiente de natalidade dos brancos? E gente a menos, dado o que haveria por fazer, se estivéssemos organizados? A resolução do problema assenta em dois pontos fundamentais. Criar condições de vida na região a colonizar, e não apenas a colheita de matérias primas, quer dizer, criar industrializações possíveis. E preparar colonos. Fez-se há tempo na Alemanha, e depois em Inglaterra, o que há de melhor neste particular. Escolas onde se ensina, além das línguas indígenas, aprendidas a fundo, a viver no interior africano: construir com os materiais e com a disposição de lá; cozinhar o que possa comer-se sem perigo; precaver-se e medicamentar-se contra as doenças tropicais.
(Continua)
Lugar e destino de Portugal: a Nau e a Tormenta (12)
Lugar e destino de Portugal: a Nau e a Tormenta – conferência feita na Sala de Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 9 de Maio de 1942. Na sessão solene de encerramento da «Semana Colonial» - Fernando Emygdio da Silva, prof. da Faculdade de Direito Consultar todos os textos »»
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