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Não sei que perspectivas exactas o futuro nos reserva a todos. Em 1917, Clémanceau, presidente do Conselho, assediado pelo tumulto das invectivas e das conjecturas, teve um dito que ficou famoso e, sibilando na câmara e na voz do domador, bastou para fazer à sua volta o silêncio e o vazio. - Je fais la guerre. O Tigre parecia não querer olhar para diante. Bastava-lhe o trabalho de cada dia. Penoso também é hoje o quotidiano lavor, mesmo para aqueles, raros, raríssimos que, como nós, não foram ainda, mercê de Deus, chamados a fazer esta guerra. É que desta vez o planeta quási inteiro está em fogo – e em cada instante, nos quatro cantos do mundo, há uma palpitação de angústia. Quási mesmo já se não vê em volta. Quere-me parecer, quando a voz de comendo é de resistir – resistir para não ser desfeito – só o imperativo moral nos pode dar a força e a fé. Aquele landim, que fazia a guarda no nosso pavilhão de Paris, e talhou para o destino português a sua réplica formal e transparente, encontrou a única resposta que temos a dar a quem perguntar por nós. Portugal não tem só que guardar o que é seu porque o descobriu e porque o criou. Portugal tem sobretudo que preservar, em função do bem universal, o que forma o seu património inconfundível: a vocação colonizadora.
Lugar e destino de Portugal: a Nau e a Tormenta (02)
Lugar e destino de Portugal: a Nau e a Tormenta – conferência feita na Sala de Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 9 de Maio de 1942. Na sessão solene de encerramento da «Semana Colonial» - Fernando Emygdio da Silva, prof. da Faculdade de Direito Consultar todos os textos »»
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