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Antes de dissertar sobre a defesa, uma palavra se impõe para definir o porquê do ataque. Portugal não é, evidentemente, uma grande potência detentora de meios económicos e militares que lhe permitam intervir, com peso, nos destinos do mundo. Não obstante, por condicionalismo geográfico e histórico detém posições que, irremediavelmente, o colocam em posição-chave no continente europeu e lhe asseguram um destino marítimo apoiado nas extensões da sua nacionalidade noutros continentes. Ao longo dos séculos coube-lhe, assim, participar das lutas pela defesa da Europa muito mais do que os seus interesses imediatos justificariam: Roma e Cartago batalharam no solo lusitano; a Reconquista aos muçulmanos desenrolou-se em grande parte em território português; foi em Portugal que a Europa empreendeu pelejas decisivas contra as ambições napoleónicas. Em tempos mais modernos, a primeiro grande tentativa comunista de absorção europeia travou-se às suas portas, com a guerra civil de Espanha; e a difícil neutralidade de Portugal na última guerra mundial foi factor decisivo, e como tal reconhecido pelos Aliados de então, na derrota final de Hitler. Por outro lado, país essencialmente católico, de pendor tradicionalista, ao longo da sua história, Portugal manteve-se quase sempre do lado de que hoje designaríamos das forças conservadoras, alicerçadas no culto do seu povo pelos valores individuais do espírito. Este esboço de uma interpretação nacional, simplista e parcial em extremo, bastará contudo para que se compreenda os motivos por que os novos imperialismos do século XX – e entre eles o do comunismo internacional – tenham motivos de sobra para, integrado no plano da conquista ideológica, tentar provocar a subversão das instituições em que assenta a Nação e que servem a sua política. E assim se identifica a primeira central difusora de uma imagem exterior orientada para a defesa de interesses opostos aos de Portugal e das suas populações.
Imagem Exterior e Realidade Nacional (03)
Conferência pronunciada pelo embaixador de Portugal no Brasil, Dr. José Manuel Fragoso, na Escola Superior de Guerra, em 21 de Outubro de 1970 Os novos imperialismos, págs. 7 e 8
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