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Por nosso lado, conscientes do direito e indissoluvelmente ligados àquela pequena comunidade por 450 anos de história, pelos laços de sangue e pela cultura que ali levámos, somos livres e estamos prontos a negociar, mas não podemos ceder sobre a soberania portuguesa; e, entretanto, em duas coisas essencialmente nos temos de apoiar e deles não podemos desprender-nos – força e paciência: força suficiente para que uma pseudo-acção policial não possa ser-nos imposta; paciência que não se altere com a impaciência inimiga e dure tanto pelo menos como a sua pertinácia. Para tanto, precisamos de nos exceder no nosso próprio esforço, cuidando antes de o manter sempre proporcionado à capacidade normal da Nação. E se, apesar de tudo, a União Indiana levar a guerra ao pequeno território, o que podem fazer as forças que ali se encontram ou vierem a ser concentradas? Bater-se, lutar, não no limite das possibilidades, mas para além do impossível. Devemos isso a nós próprios, a Goa, à civilização do Ocidente, ao mundo, ainda que este se sorria compadecidamente de nós. Depois de afagar as pedras das fortalezas de Diu ou Damão, orar na igreja do Bom Jesus, abraçar os pés do Apóstolo das Índias, todo o português pode combater até ao último extremo, contra dez ou contra mil, com a consciência de cumprir apenas um dever. Nem o caso seria novo nos anais da Índia.
Florilégio de pensamentos- Algumas das Mais Belas Páginas de Salazar (58)
450 Anos de História - Discursos, Vol. V, págs. 277 e 278 Edições Panorama - Lisboa 1961
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