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O que ao pobre bacharel em leis que eu sou é possível entender do que se passa no mundo a este respeito, é que foi descoberta uma fonte de energia quase incomensurável e que a mesma é susceptível de aplicação à vida normal e pacífica da humanidade, tendo as necessidades prementes da defesa emprestado sobretudo aquele impulso e aquela possibilidade de gastos sem os quais porventura tal fonte de energia, se conhecia, não viria tão cedo a ser utilizada. Embora a guerra seja uma constante da história, a vida deve organizar-se para a paz, isto é, para o convívio pacifico entre os povos, a felicidade possível dos homens. Uma vez desanuviada a atmosfera de medo que se respira presentemente e atenuado, portanto, o afã das descobertas e aplicações militares, é natural que os espíritos se voltem para as preocupações e necessidades da vida corrente e se esforcem por extrair da nova força os meios de as satisfazer mais fácil ou economicamente. Nisto estamos interessados como todos os mais. Mas outros interesses possuímos. Ao menos enquanto for reduzida a série das matérias com cuja desintegração se trabalha, ou enquanto algumas das conhecidas mantiverem o predomínio actual, nós temos de preocupar-nos com a mobilização da riqueza potencial que os territórios portugueses, continentais e ultramarinos, parecem possuir. Pode bem ser que a Providência, tendo-se mostrada avara connosco quanto a fontes conhecidas de energia – o carvão, os óleos minerais, mesmo a força hídrica –, nos tenha compensado de alguma forma com um pouco de urânio e de outros minérios afins, mananciais a explorar no futuro.
Florilégio de pensamentos- Algumas das Mais Belas Páginas de Salazar (52)
Uma fonte de energia quase incomensurável - Discursos, Vol. V, págs. 175 e 176 Edições Panorama - Lisboa 1961
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